Pais e responsáveis protestam contra o fechamento do CMEI Orlando Alves de Carneiro
O motivo do encerramento seria o custo do prédio, que é alugado. Outro fator apontado é a questão estrutural do local

Pais e responsáveis estão indignados e revoltados com o anúncio do fechamento do Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Orlando Alves de Carneiro. O CMEI tem previsão de encerrar as atividades até junho. De acordo com a Prefeitura de Goiânia, o motivo do encerramento seria o custo do prédio, que é alugado. Outro fator apontado é a questão estrutural do local.
Segundo uma funcionária, que preferiu não se identificar, já existe um despacho da Secretaria Municipal de Educação (SME) determinando o encerramento das atividades. A justificativa é que o prédio, alugado há 16 anos, tem o contrato com vencimento previsto para o dia 15 de agosto e faz parte de um processo de revisão dos imóveis alugados pelo município.
“A alegação é que o prédio não tem estrutura para atender à educação infantil. Mas nós estamos aqui há 16 anos. Atendemos crianças de até 4 anos e 11 meses. Nunca houve nenhum acidente. Todo o deslocamento das crianças é feito com acompanhamento de professores. Temos um trabalho organizado, com profissionais responsáveis e habilitados”, afirma.
Atualmente, o Centro atende 129 crianças em período integral, das 7h às 17h30. A possível transferência dos alunos tem gerado forte mobilização entre os pais.
“Eles estão reagindo muito mal. Muitos trabalham nos atacadistas e no comércio local. A maioria vem a pé e não tem como se deslocar para unidades distantes. A proposta da Prefeitura é redistribuir as crianças para unidades num raio de até 3 quilômetros, mas nenhuma tem capacidade para absorver o número de alunos. Alguns conseguem receber cinco, outros nove. A maioria deve ser transferida para um SEI conveniado, que não é um CMEI municipal, localizado na Cidade Jardim”, conta.
A servidora também questiona o caminho adotado pela Prefeitura. “Se a intenção é devolver o prédio, que se encontre outro local próximo, dentro de Campinas. Não é questão de lutar pelo prédio, a gente sabe das limitações. Mas extinguir o CMEI, pulverizar essas crianças, não é o caminho. A comunidade reconhece nosso trabalho. A luta agora é para manter o CMEI ativo, com uma nova sede, se necessário.”
Francielle Soares Turíbio, de 27 anos, psicóloga e mãe de duas alunas do CMEI, relata que a notificação oficial ainda não chegou, mas a equipe gestora informou, de maneira informal, que a unidade deixará de funcionar. “Alegam que o prédio não tem estrutura, mas nunca houve acidentes em todos esses anos. Sugerimos até a mudança para a antiga escola Duque de Caxias, aqui mesmo em Campinas, que já está fechada e não teria custo com aluguel. Mas até agora não tivemos resposta”, disse.
Milena, de 21 anos, vendedora e mãe de aluna, foi direta: “Não podem fechar o CMEI. Não temos rede de apoio. Não tenho condições de levar minha filha para outro bairro. Campinas é um ótimo lugar, e o CMEI também.”
Maria do Carmo, técnica em enfermagem de 33 anos, compartilha da mesma preocupação. Mãe da pequena Laura Liz, que frequenta o CMEI há dois anos, ela diz que não tem carro, nem bicicleta, e depende do trajeto a pé para levar a filha. “É um lugar onde me sinto segura para deixá-la. Além disso, tenho outro filho com deficiência que estuda aqui perto. Fica inviável me deslocar com os dois para bairros diferentes. Educação nunca é gasto, é investimento.”
Em nota enviada ao jornal O Hoje, a atual gestão da SME informa que, após avaliar a estrutura física do prédio alugado para o funcionamento do CMEI, concluiu que o local é inadequado para o atendimento infantil. O prédio possui três andares com escadas, não tem espaço externo para atividades e conta com apenas uma entrada/saída, o que representa alto risco para crianças de 1 ano a 4 anos e 11 meses.
A SME afirmou que foi informada sobre a existência de um colégio estadual desativado nas proximidades e verificará a possibilidade de utilização do imóvel. A pasta reforça que a prioridade é garantir a segurança das crianças e servidores. Caso outro prédio esteja em condições de receber a unidade, serão feitos todos os esforços para que isso se concretize.
Ainda segundo a nota, a Secretaria realizou estudos e concluiu que é possível realocar 100% das 129 crianças matriculadas em outras unidades situadas num raio máximo de 2 km