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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Saúde do ex-presidente

O impacto político eleitoral da cirurgia de Bolsonaro

Especialistas ouvidos pelo O HOJE avaliam que cirurgia do ex-presidente só terá impacto eleitoral se recuperação for problemática em 2026

Bruno Goulartpor Bruno Goulart em 16 de abril de 2025
O impacto político eleitoral da cirurgia de Bolsonaro
Foto: Reprodução/Redes Sociais

Bruno Goulart

A complexa cirurgia abdominal de 12 horas pela qual passou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), no último domingo (13), reacendeu o debate sobre como problemas de saúde de figuras políticas podem influenciar no cenário eleitoral. Especialistas ouvidos pelo O HOJE analisam que o episódio terá poucas consequências políticas imediatas, mas poderia se tornar relevante caso ocorresse próximo às eleições de 2026.

Lehninger Mota, cientista político, explica que eventos de saúde só se tornam determinantes quando acontecem no período final da campanha. “O resultado só é significante próximo ao pleito, nos últimos 3 ou 4 meses. Mesmo assim, temos o exemplo do próprio Bolsonaro que, quando foi esfaqueado em 2018, conseguiu se eleger e até se beneficiou da ‘benevolência’ gerada pelo atentado”, analisa. O especialista compara com o caso do presidente Lula, que sofreu uma queda recente: “Se próximo da eleição ele estiver viajando e discursando normalmente, como agora, isso não interfere muito”.

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Já Felipe Fulquim, especialista em marketing político, ressalta ao O HOJE que o atual momento não favorece a transformação do episódio de saúde em vantagem eleitoral. “Neste momento, o impacto que observo é o de sensibilização dos seus seguidores. Diferente de outros momentos em que ele espetacularizou sua condição de saúde, desta vez não estamos em ano eleitoral e nem na corrida presidencial com ele como candidato”, afirma.

Segundo Fulquim, a cirurgia serve principalmente para reforçar a comunicação com a base mais engajada. “Não vejo uma conquista de algum dividendo eleitoral. Ele manifesta mais do mesmo no sentido de espetacularizar uma situação particular e falar à sua audiência prioritária, em especial pela internet”, completa o especialista.

Recuperação

A equipe médica que acompanha Bolsonaro no Hospital DF Star, em Brasília, classificou a cirurgia como “extremamente complexa” e alertou que a recuperação será lenta. O procedimento – o mais longo desde o atentado de 2018 – durou 12 horas e exigiu a liberação de múltiplas aderências intestinais decorrentes das seis cirurgias abdominais anteriores do ex-presidente.

“O presidente tinha um abdômen hostil, com muitas cirurgias prévias, aderências causando um quadro de obstrução intestinal. Uma parede abdominal bastante danificada em função da facada e das cirurgias prévias”, explicou Cláudio Birolini, chefe da equipe médica. Os próximos dias são considerados críticos, com risco de infecções e trombose.

Enquanto isso, a equipe médica segue monitorando cuidadosamente o pós-operatório. O ex-presidente recebe nutrição por via intravenosa enquanto aguarda a desinflamação intestinal e não há previsão de alta da UTI. O cardiologista Leandro Echenique, que acompanha Bolsonaro, afirmou que o resultado final da cirurgia foi “excelente”, mas reforçou que a recuperação exigirá paciência.

Comparação com outros casos

Mota lembra que a percepção sobre a saúde de um político varia conforme o momento eleitoral. “No caso do Bolsonaro, se ele se recuperar bem e daqui 4 ou 5 meses estiver correndo o país, isso fica para trás. Já no caso do Lula, a idade será um debate constante, mas se ele estiver bem fisicamente, será minimizado”, avalia.

O cientista político destaca que o fator determinante é a proximidade com as eleições. “Se essa não for mais a pauta quando começar a campanha, não interfere muito no processo”, conclui.

Além disso, ambos especialistas concordam que, a menos que surjam complicações significativas na recuperação – especialmente em 2026 -, o episódio tende a ficar restrito ao círculo de apoiadores mais fiéis, sem alterar significativamente o cenário político nacional. 

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