O ator Paulo Betti voltou a se posicionar publicamente sobre o cenário político brasileiro e comentou o apoio de artistas, principalmente Regina Duarte, ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Em entrevista à revista Veja, o intérprete de Timóteo, da reprise de Tieta, questionou a postura da colega Regina Duarte e afirmou sentir dificuldade em continuar dialogando com colegas que defendem o ex-mandatário.

Declarações sobre Regina Duarte

De acordo com Betti, por um tempo foi possível manter conversas com artistas alinhados ao bolsonarismo. No entanto, segundo ele, esse esforço perdeu o sentido com o passar dos anos. “Tem uma hora que dá um certo enjoo”, afirmou o ator. Ele citou o caso da atriz Bete Mendes, que teria sido torturada durante a ditadura militar pelo coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, considerado herói por Bolsonaro.

“Sendo Bete uma figura conhecida e respeitada no meio artístico, é difícil imaginar que Regina Duarte não soubesse disso. Ainda assim, apoiou quem exaltava Ustra. Isso eu não consigo admitir”, declarou. Apesar da crítica, Betti reconheceu que Regina tem o direito de se manifestar e manter suas opiniões. “Ela tem o direito de dizer o que acha, de ter três milhões de seguidores que escutam o ponto de vista dela. Mas acusar de que não há democracia? Aí existe um desvio que não sei se é psicológico ou de caráter”, completou.

Durante a entrevista, Paulo também falou sobre os bastidores da novela Tieta, exibida originalmente em 1989 e atualmente reprisada no canal Viva. Ele afirmou que a produção tinha um ambiente politizado e que os debates nos camarins influenciavam o clima da trama. “Mesmo que a novela não se passasse no tempo presente, ela vivia da pulsação dos bastidores. Isso se refletia na tela. Era uma época com mais liberdade de expressão”, disse.

A novela, escrita por Aguinaldo Silva, Ana Maria Moretzsohn e Ricardo Linhares, é considerada um marco da teledramaturgia da TV Globo. Na trama, Betti interpretou um dos principais vilões e agora acompanha com distanciamento a nova exibição da obra, enquanto continua engajado no debate político e cultural do país.