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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Alimentação

Pesquisa revela que excesso de sal afeta saúde mental

Com o crescente volume de estudos que apontam os malefícios do sal, cresce também o apelo por novas investigações sobre os diferentes tipos de sal disponíveis no mercado

Leticia Mariellepor Leticia Marielle em 23 de abril de 2025
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Pesquisa revela que excesso de sal afeta saúde mental. | Foto: Reprodução

Embora o consumo excessivo de sal seja um hábito enraizado em diversas culturas ao redor do mundo, pesquisas recentes vêm revelando impactos mais amplos do que se imaginava, não apenas sobre a saúde física, mas também sobre a saúde mental. Um estudo liderado pela Universidade Médica de Xinjiang, na China, em parceria com o UK Biobank, chamou atenção ao estabelecer uma conexão direta entre o consumo frequente de sal e o desenvolvimento de transtornos como depressão e ansiedade.

Publicado no Journal of Affective Disorders, o estudo acompanhou cerca de 440 mil adultos britânicos ao longo de 12 anos. Os pesquisadores observaram que aqueles que tinham o hábito de adicionar sal à comida com frequência apresentaram até 45% mais risco de desenvolver depressão e 34% mais risco de ansiedade, em comparação com indivíduos que raramente utilizam sal adicional em suas refeições. Até mesmo quem adiciona sal ocasionalmente apresentou maior propensão aos transtornos, embora em níveis mais baixos.

De acordo com os autores, um dos possíveis mecanismos para essa associação seria o aceleramento do envelhecimento celular causado pelo excesso de sódio, um processo que pode comprometer funções biológicas essenciais e afetar diretamente o funcionamento do cérebro. A pesquisa também destaca que o sal em excesso pode desencadear um ciclo de desgaste no organismo, aumentando a inflamação e potencializando vulnerabilidades mentais já existentes.

A ligação entre o sal e a saúde mental ganhou ainda mais força com um segundo estudo, publicado no Journal of Immunology, em março deste ano. Neste trabalho, pesquisadores submeteram camundongos a dietas ricas em sal por um período de cinco a oito semanas. Os animais passaram a apresentar comportamentos semelhantes aos observados em modelos clássicos de estresse crônico, com sintomas associados à depressão.

Mais do que isso, a equipe identificou um aumento expressivo da citocina inflamatória IL-17ª, uma substância já ligada à depressão, no baço e em áreas específicas do cérebro dos roedores. Quando os cientistas bloquearam as células responsáveis por produzir a IL-17A, os comportamentos depressivos deixaram de progredir, mesmo com a continuidade da dieta rica em sal. O achado reforça a hipótese de que a inflamação tem papel central na relação entre alimentação e saúde mental.

O impacto do sal na saúde não se restringe ao cérebro. Já é amplamente documentado que o consumo elevado de sódio está associado a doenças como hipertensão, AVC e câncer gástrico. Um estudo da Universidade Médica de Viena revelou que pessoas que frequentemente adicionam sal a alimentos prontos têm 39% mais risco de desenvolver câncer de estômago em um período de 11 anos.

Diante desse cenário, nutricionistas e especialistas em saúde pública têm reforçado a importância de reduzir o consumo de sal e substituí-lo por temperos naturais. Alho e cebola, por exemplo, são ricos em compostos que realçam o sabor dos alimentos, já a pimenta pode beneficiar a circulação sanguínea, enquanto ervas frescas como manjericão, alecrim e coentro conferem sabor e complexidade às refeições sem a necessidade de sal adicional.

A transição para um paladar menos dependente do sal pode exigir tempo, mas traz benefícios concretos à saúde física e mental. Nesse sentido, os pesquisadores defendem que mudanças individuais precisam ser acompanhadas por políticas públicas eficazes, que incluam campanhas educativas e restrições mais claras ao uso excessivo de sódio pela indústria alimentícia.

Com o crescente volume de estudos que apontam os malefícios do sal, cresce também o apelo por novas investigações sobre os diferentes tipos de sal disponíveis no mercado e seus impactos no organismo. Enquanto isso, especialistas reforçam que o caminho mais seguro continua sendo a moderação no consumo e a adoção de hábitos alimentares mais equilibrados.

As evidências sugerem que a redução do sal na dieta não é apenas uma estratégia para proteger o coração, mas também um passo importante para preservar a saúde mental e o bem-estar geral da população. Em um contexto global onde os transtornos mentais estão cada vez mais prevalentes, repensar o que vai ao prato pode ser uma atitude transformadora.

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