A chamada “demissão silenciosa” já virou um problema global: 62% dos trabalhadores no mundo afirmam fazer apenas o mínimo no emprego, segundo a pesquisa State of the Global Workplace 2024, da Gallup. Essa onda silenciosa de desengajamento já consome 9% do PIB mundial — o equivalente a US$ 8,9 trilhões. No Brasil, o cenário também é preocupante: 46% dos profissionais relatam níveis elevados de estresse no trabalho.

Cláudia Cardoso, professora de Recursos Humanos e Psicologia, explica que o fenômeno se intensificou após a pandemia, quando os profissionais começaram a redefinir os limites entre vida pessoal e carreira. “O trabalhador de hoje quer qualidade de vida, flexibilidade e propósito. Empresas que ignoram essa transformação enfrentam alta rotatividade e dificuldade para atrair talentos”, alerta a especialista.

Entre os sinais da demissão silenciosa estão a queda de produtividade, desmotivação e a busca ativa por novos empregos. Para Cláudia, o problema é agravado por lideranças despreparadas: “Ter habilidade técnica já não basta. Líderes precisam desenvolver competências emocionais para reter suas equipes.”

A falta de reconhecimento e de feedback constante também contribui para o distanciamento dos profissionais. Hoje, a maioria já não espera construir uma carreira inteira na mesma empresa: busca desenvolvimento contínuo, crescimento profissional e condições dignas de trabalho.

A solução, segundo a especialista, passa por reavaliar o ambiente corporativo: pesquisas de clima organizacional, planos de crescimento claros, políticas de bem-estar, diversidade e inclusão são ferramentas indispensáveis para manter os talentos motivados e produtivos.

Ou as empresas escutam de verdade seus colaboradores — ou vão pagar caro, perdendo mentes brilhantes para quem souber construir ambientes mais humanos e sustentáveis.