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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Educação

Professores de Aparecida cobram piso nacional e retroativos em greve por tempo indeterminado

Apesar de várias rodadas de negociação, o impasse persistiu e a categoria decidiu manter a greve até que todas as reivindicações sejam atendidas.

Renata Ferrazpor Renata Ferraz em 9 de maio de 2025
Professores
Foto: Sintego

A greve dos professores e profissionais da educação da rede municipal de Aparecida de Goiânia teve início oficialmente nesta terça-feira (29), após ampla comunicação e aviso prévio da categoria.

A paralisação se iniciou diante da insatisfação com a proposta apresentada pela Prefeitura, considerada insuficiente pelos trabalhadores. A principal reivindicação é o pagamento do piso salarial nacional dos professores, bem como o repasse de titularidades, progressões e retroativos salariais acumulados.

Segundo levantamento da Secretaria Municipal de Educação, das 93 unidades escolares do município, 13 estão com atividades totalmente paralisadas, 43 operam parcialmente e outras 37 funcionam normalmente. A proposta da gestão municipal é iniciar o pagamento do novo piso a partir da folha de maio, com uma mesa de negociação para tratar do retroativo referente a janeiro, fevereiro, março e abril.

Contudo, para o Sindicato dos Trabalhadores da Educação de Goiás (Sintego), a falta de um cronograma claro para os pagamentos retroativos inviabiliza o aceite da proposta. “A verdade é que nós da educação não queremos greve. O que não queremos é continuar tendo prejuízos por algo que é um direito previsto em lei desde 2008. A prefeitura sabe disso. Não há nada de novo aqui”, afirmou a presidente do sindicato, Bia de Lima. Segundo ela, as perdas salariais acumuladas giram em torno de 23%.

Durante assembleia realizada na última sexta-feira , 25 de abril, a categoria rejeitou a proposta municipal justamente pela ausência de um planejamento definido para quitação das dívidas salariais. Já nesta segunda-feira , 28 de abril, uma nova rodada de negociações foi realizada.

Na ocasião, o Sintego apresentou contraproposta, sugerindo que o pagamento do piso e da data-base seja iniciado em maio, e que um terço das férias seja quitado aos professores que entrarão em recesso em julho. Já as diferenças de janeiro, fevereiro, março e abril seriam pagas em parcelas mensais de julho a outubro.

A reportagem entrou em contato com o Sintego, que declarou que a greve será mantida, ainda sem data definida para terminar. No entanto, o sindicato acredita que, após a superação dos impasses e o atendimento das reivindicações da categoria, a situação poderá voltar à normalidade.

A greve, porém, tem gerado impactos diretos na vida de centenas de famílias, especialmente aquelas com menor poder aquisitivo. Uma mãe relatou a dificuldade enfrentada por mulheres que dependem da escola para deixar os filhos enquanto trabalham. “E as mães que precisam trabalhar fazem o que com os filhos sem aula? A realidade da maioria das mães da escola do meu filho, que fica na periferia de Aparecida, no Santa Luzia, é de diaristas ou empregos informais, sem rede de apoio. Já tem algumas no grupo falando que vão perder o emprego.”

Há também questionamentos sobre a eficácia da greve entre os próprios professores, principalmente pelo impacto das reposições futuras. “Se for perguntar para os professores da escola do meu filho, eles não estão de acordo porque depois sacrificam o sábado para repor aula”, comenta outra mãe.

Apesar dos entraves, o Sintego reforça que permanece aberto ao diálogo. Em nota, destacou que a decisão de greve foi resultado da negativa da prefeitura em apresentar um cronograma concreto para os retroativos. Além disso, também estão em pauta a realização de concurso público e a concessão de titularidades para técnicos administrativos, temas que estão, segundo o sindicato, em análise judicial.

Posicionamento prefeitura de Aparecida 

A Prefeitura de Aparecida, por sua vez, afirma ter feito todos os esforços para atender às demandas do professores, ressaltando a herança de uma dívida superior a R$ 500 milhões da gestão anterior como empecilho. “Estamos fazendo todos os esforços para pagar o piso, o que é justo, mas herdamos dívidas e estamos ainda quitando acertos salariais de dezembro”, explicou a secretária de Educação, Professora Núbia Farias.

A proposta da prefeitura inclui o envio de projeto de lei para regulamentação do piso e a criação de uma mesa permanente de negociação. “O município não se nega a pagar os servidores. Mas é preciso responsabilidade fiscal para não comprometer os serviços essenciais nem a folha de pagamento”, concluiu o procurador-geral Fábio Camargo.

O impasse continua, e a continuidade ou não da greve dependerá dos próximos movimentos tanto do poder público quanto da categoria

Leia mais: Câmara de Aparecida debate greve dos servidores da Educação em sessão ordinária

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