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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Religião

Trancados até escolher: por que os cardeais ficam isolados no conclave?

A tradição de os cardeais ficarem trancados durante o conclave surgiu após a eleição mais longa da história da Igreja

Lalice Fernandespor Lalice Fernandes em 9 de maio de 2025
Trancados até escolher: por que os cardeais ficam trancados no conclave?
Cardeais fazendo juramento. (Foto: Reprodução/ Vatican News)

A eleição de um novo papa sempre desperta a atenção do mundo. Em meio a rituais ancestrais e simbolismos carregados de histórias, os cardeais da Igreja Católica se reúnem em um processo conhecido como conclave para escolher o novo líder espiritual de mais de um bilhão de fiéis. Mas você sabe por que essa reunião recebe esse nome, e por que os cardeais ficam literalmente trancados até chegarem a um consenso?

A palavra conclave vem do latim cum clave, que significa “com chave”. A expressão remete diretamente ao fato de que os cardeais são literalmente trancados em um local — tradicionalmente a Capela Sistina, no Vaticano — e só podem sair após elegerem o novo pontífice. Essa prática foi instituída para evitar influências externas e acelerar o processo, mas sua origem tem raízes em um dos episódios mais conturbados da história da Igreja.

O motivo dessa clausura remonta ao ano de 1268, quando a morte do Papa Clemente IV desencadeou o conclave mais longo de todos os tempos. Durante quase três anos — exatos 1006 dias — os cardeais reunidos em Viterbo, na Itália, não conseguiam chegar a um acordo. A cidade inteira entrou em colapso diante da demora. Exasperados, os cidadãos tomaram uma decisão drástica: trancaram os cardeais dentro do palácio episcopal, reduziram suas refeições e até mesmo removeram o teto do local para tornar o momentos mais desagradavel. A pressão funcionou. Em 1271, foi finalmente eleito o Papa Gregório X, que, em resposta ao caos que testemunhou, oficializou regras mais rígidas para os conclaves futuros, incluindo o confinamento obrigatório dos cardeais.

Séculos depois, em um extremo oposto, ocorreria o conclave mais curto da história. Em outubro de 1503, após a morte do Papa Pio III, que reinou por apenas 26 dias, os cardeais se reuniram para eleger seu sucessor. Em menos de dez horas, Giuliano della Rovere foi escolhido por aclamação e tornou-se o Papa Júlio II. A rapidez da eleição se deveu a uma cuidadosa articulação política feita previamente por Della Rovere, que conquistou o apoio de facções influentes da cúria romana antes mesmo de o conclave começar. Sua eleição relâmpago permanece como a mais veloz registrada oficialmente na história da Igreja.

A história dos conclaves revela que, por trás das cortinas cerimoniais e da fumaça branca, há séculos de tradição, disputas políticas e aprendizados institucionais, em um processo que segue moldando os rumos do catolicismo no mundo.

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