O Volkswagen Fusca azul-claro, ano 1987, que serviu como carro oficial do ex-presidente uruguaio José “Pepe” Mujica, transcendeu seu status de veículo para se tornar símbolo de uma forma de fazer política baseada na simplicidade e na recusa a privilégios.

Durante seu mandato (2010–2015), Mujica dirigia o carro, mesmo sendo chefe de Estado. Nunca trocou o modelo por veículos blindados ou de luxo, comumente usados por presidentes. Em 2014, recusou uma proposta de US$ 1 milhão feita por um árabe pelo automóvel. Também rejeitou dez picapes 4×4 oferecidas pelo então embaixador do México, Felipe Enríquez, em troca do mesmo Fusca.

“Sempre gostamos de Fuscas”, disse Mujica na época, sempre usando o plural ao se referir ao carro que dividia com a esposa, Lucía Topolansky. Segundo ele, o veículo foi um presente de amigos.

Embora a origem exata do modelo seja incerta — entre Brasil e México —, trata-se de um clássico com motor 1.600 cilindradas, 67 cv de potência e torque de 14 kgfm. Atinge até 144 km/h e vai de 0 a 100 km/h em 17 segundos. O consumo é de cerca de 7 km/l na cidade e 9 km/l na estrada, com um tanque de 45 litros.

O carro mede 4,20 metros de comprimento, 1,54 m de largura e 1,48 m de altura. Seu porta-malas dianteiro comporta 150 litros.

Em janeiro de 2023, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva visitou Mujica em sua chácara nos arredores de Montevidéu. Durante o encontro, passeou no famoso Fusca, reforçando o papel do carro como um emblema da figura pública de Mujica: austera, popular e avessa a formalidades.

Mujica morreu na última terça-feira (13), aos 89 anos, deixando como herança política, entre outras coisas, a imagem eterna de um presidente a bordo de um Fusca.