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sábado, 14 de junho de 2025
Faixa de Gaza

A fome como arma de Guerra

Com bloqueio total de ajuda humanitária e ofensiva militar intensificada, a Faixa de Gaza enfrenta risco iminente de fome catastrófica, afetando especialmente crianças e mulheres

Luana Avelarpor Luana Avelar em 15 de maio de 2025
Foto: Eyad BABA / AFP
Foto: Eyad BABA / AFP

Na Faixa de Gaza, a fome deixou de ser uma ameaça distante para se tornar uma realidade devastadora. Um relatório da Classificação Integrada da Segurança Alimentar (IPC), apoiado pela ONU, revelou que 100% da população de 2,1 milhões de habitantes enfrenta níveis de insegurança alimentar classificados como ‘crise’ ou piores. Destes, cerca de 470 mil pessoas estão em situação de fome catastrófica, a Fase 5 da escala IPC, que indica desnutrição crítica e mortes generalizadas. A crise humanitária se agravou após o bloqueio total imposto por Israel desde março de 2025, interrompendo a entrada de alimentos, água, medicamentos e combustível.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que, sem acesso a comida nutritiva, água potável e serviços de saúde, uma geração inteira será permanentemente afetada. Rik Peeperkorn, representante da OMS nos territórios palestinos ocupados, relatou ter visto crianças que aparentam ter metade da idade real devido à desnutrição. O relatório da IPC projeta que, entre maio e setembro de 2025, mais de 1 milhão de pessoas estarão em emergência alimentar aguda (Fase 4), e cerca de 500 mil em crise alimentar (Fase 3). A situação é especialmente grave entre crianças: mais de 20% das examinadas em hospitais do norte de Gaza sofrem de desnutrição aguda.

Apesar dos alertas internacionais, o governo israelense intensificou sua ofensiva militar. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirmou que o exército ‘entrará com força total’ na Faixa de Gaza nos próximos dias, com o objetivo declarado de derrotar o Hamas. Desde o início da ofensiva, mais de 52.400 palestinos foram mortos e 118.000 feridos. Os bombardeios foram retomados em 18 de março de 2025; desde então, já foram registradas 2.300 mortes e quase 6.000 pessoas feridas, segundo agências da ONU.

A justificativa de Israel é pressionar o Hamas a libertar os reféns capturados em outubro de 2023. O bloqueio e os ataques, porém, têm destruído infraestrutura civil e impedido o acesso da população a recursos básicos, denuncia a organização. A comunidade internacional tem reagido com preocupação. A primeira-ministra italiana Giorgia Meloni instou Israel a respeitar o direito internacional humanitário, classificando a crise em Gaza como ‘dramática e injustificável’. O presidente francês Emmanuel Macron também criticou as ações israelenses, chamando-as de ‘vergonhosas’, o que gerou uma resposta ríspida do governo israelense, que o acusou de apoiar o Hamas.

Enquanto isso, a população de Gaza enfrenta uma realidade desesperadora. Com os estoques de alimentos esgotados, a água potável escassa e os serviços de saúde colapsados, a sobrevivência diária tornou-se um desafio quase intransponível. A OMS e outras agências humanitárias continuam a clamar por acesso irrestrito à ajuda humanitária, enfatizando que cada dia de bloqueio aumenta o número de vidas perdidas.

 

 

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