A intensificação da fiscalização eletrônica em Goiânia tem provocado um aumento significativo na emissão de multas e reacendido o debate sobre segurança e mobilidade urbana. Com 55 equipamentos de fiscalização eletrônica ativos, entre radares fixos e lombadas eletrônicas, e 19 câmeras PTZ de monitoramento; sendo que oito já operam como apoio direto na fiscalização, a Secretaria Estadual de Trânsito (SET) vem priorizando o controle das infrações mais recorrentes na capital.

Segundo a pasta, o excesso de velocidade lidera o ranking das infrações, seguido pelo avanço de sinal vermelho, parada sobre faixa de pedestres, uso indevido de faixa exclusiva de ônibus e o uso de celular ao volante. 

A escolha dos pontos de instalação dos equipamentos leva em conta critérios técnicos, como o volume de tráfego, histórico de acidentes, frequência de ultrapassagens perigosas e a proximidade com locais sensíveis, como escolas, hospitais e terminais de ônibus.

Com a nova estrutura, a fiscalização de trânsito também passará a ser reforçada pela Guarda Civil Metropolitana (GCM), que atuará de forma integrada ao trabalho já desenvolvido pelos órgãos de trânsito do Estado. 

A medida visa ampliar a presença do poder público nas ruas e contribuir para a redução dos índices de acidentes, que continuam altos em regiões como a Avenida 85, Avenida T-63 e a Marginal Botafogo.

Motoristas se queixam do rigor das medidas

Para muitos condutores, o cerco eletrônico tem resultado em surpresa e insatisfação. É o caso do motorista que preferiu se manter anônimo, que relata ter recebido duas multas em um intervalo de três dias por uso de celular ao volante. “Eu estava parado no semáforo e dei uma olhada nas mensagens, nem percebi que podia ser multado. A notificação chegou logo depois. E na semana seguinte, mais uma. Foi um susto e um prejuízo de quase R$ 600″, conta.

A legislação de trânsito brasileira prevê penalidades rigorosas para esse tipo de infração. O uso de celular ao dirigir é considerado gravíssimo e rende multa de R$ 293,47, além de sete pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH).

Já o avanço de sinal vermelho também é infração gravíssima, com a mesma penalidade. No caso de excesso de velocidade, os valores variam conforme o percentual acima do permitido, podendo ultrapassar os R$ 880 em casos mais graves.

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Especialistas apoiam ações para redução de acidentes

Apesar das críticas, especialistas em mobilidade defendem medidas como necessárias para reduzir a violência no trânsito. De acordo com a Secretaria Estadual de Trânsito, os recursos arrecadados com as multas são redistribuídos conforme determina a legislação: 5% são repassados ao Fundo Nacional de Segurança e Educação de Trânsito (Funset), 30% vão para o Tesouro Municipal e 65% devem ser reinvestidos na melhoria do trânsito local, como sinalização, engenharia, educação e fiscalização.

A pasta afirma que mantém canais abertos para esclarecimentos e recebimento de reclamações, como o WhatsApp do Centro Operacional de Trânsito (62) 3524-4620 e a Ouvidoria disponível no site da Prefeitura de Goiânia. Ainda segundo o órgão, há um planejamento contínuo para aprimorar a mobilidade na capital.

Entre as próximas ações previstas estão a ampliação da “onda verde”; sistema que sincroniza os semáforos para facilitar o fluxo; a instalação de novos pontos de “direita livre”, a metronização de cruzamentos e a expansão dos radares em áreas críticas. A expectativa é que essas ações tragam mais fluidez ao trânsito e, principalmente, reduzam os índices de acidentes e mortes nas vias urbanas.

Segundo a SET, Goiânia ainda enfrenta desafios significativos no que diz respeito à educação para o trânsito, especialmente entre motociclistas e motoristas de aplicativo, categorias que figuram entre as mais multadas. “A fiscalização eletrônica não tem a intenção de punir, mas de proteger vidas”, afirma a Secretaria em nota.