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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Saúde Publica

Goiânia perde 14 leitos de UTI pediátrica em meio a alta de doenças respiratórias

Falta de pagamento e o déficit de profissionais pediátricos causaram fechamento das unidades

Renata Ferrazpor Renata Ferraz em 16 de maio de 2025
Leitos
Foto: Divulgação

Goiás com  alts casos de doenças respiratórias, que afetam principalmente crianças e pessoas com comorbidades, trás um alerta de que a capital perdeu 14 vagas leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pediátrica que estavam em funcionamento desde março deste ano.

O fechamento dessas unidades se deu por duas razões principais: a não renovação do contrato com o Instituto Goiano de Pediatria (Igope), que ofertava quatro leitos, e a desativação de outros dez no Hospital das Clínicas, devido à falta de pediatras.

Dos quatro leitos no Igope, a suspensão ocorreu por falta de pagamento da Prefeitura de Goiânia, que deixou de quitar dívidas herdadas da gestão anterior. Com isso, a capital passou a contar com apenas duas vagas pediátricas de UTI pelo Sistema Único de Saúde (SUS), vinculadas ao Hospital das Clínicas.

Segundo as informações, o estado possui atualmente 127 leitos de UTI pediátrica. Desse total, 74 estão distribuídos entre três hospitais estaduais localizados em Goiânia, com apenas três leitos livres no Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol). Esses leitos precisam atender a crianças de todos os municípios goianos, o que torna a situação ainda mais crítica.

Nota resposta SMS

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia afirmou estar empenhada em restabelecer os leitos perdidos. Em nota, o órgão informou que está em tratativas com o Hospital Jacob Facuri e com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), em Brasília, para viabilizar a reabertura de unidades conveniadas. 

Em relação aos leitos do Hospital das Clínicas, a SMS esclareceu que a desativação ocorreu por falta de recursos humanos, conforme informado pela direção da unidade.

Sobre os quatro leitos do Igope, a Secretaria explicou que a atual gestão tentou renegociar a dívida deixada pela administração anterior. A proposta incluía o pagamento imediato de um terço do valor devido e o parcelamento do restante, mediante a reativação dos leitos. No entanto, o instituto recuou e não reabriu as unidades, mesmo após aceitar inicialmente os termos. A prefeitura afirmou que segue aberta para negociação, a fim de evitar novos prejuízos à população.

Com a demanda crescente por atendimento e a redução drástica na oferta de leitos, muitas famílias estão sendo obrigadas a buscar internação em cidades vizinhas. Essa alternativa, no entanto, pode aumentar o tempo de espera por uma vaga, agravando o quadro clínico de pacientes em estado grave.

Ainda na noite da última quarta-feira, 14 de maio, representantes das gestões estadual e municipal se reuniram para discutir soluções emergenciais. O prefeito Sandro Mabel afirmou em suas redes sociais que a prefeitura busca firmar contratos com hospitais privados para abrir novos leitos pediátricos de UTI o mais rapidamente possível. “Estamos empenhados em garantir atendimento digno às crianças de Goiânia. Já iniciamos negociações para ampliar a oferta de leitos na rede privada”, declarou.

Goiás com crescimento de 18% de SRAG

Diante disso, os dados divulgados no dia 30 de abril, e publicados pelo jornal O Hoje, apresentam mais um agravante do cenário, isso porque o Estado enfrenta uma grave preocupação na saúde: o aumento dos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), segundo o boletim InfoGripe da Fiocruz.

Em 2025, Goiás já registrou 3.218 notificações, 18% a mais que no ano passado. A doença atinge principalmente crianças pequenas, grupo mais vulnerável à circulação dos vírus respiratórios.

A SRAG é a forma mais grave das doenças respiratórias e pode ser causada por vírus como o SARS-CoV-2 (Covid-19), influenza e o vírus sincicial respiratório (VSR), este último responsável por bronquiolite em crianças e predominante no país neste ano, com alta taxa de hospitalizações pediátricas.

Em Goiás, a situação é preocupante: além da alta incidência, os casos seguem crescendo, caracterizando um “estado de risco”, segundo a Fiocruz. Apesar da mortalidade ter caído 30% em relação a 2024, 178 pessoas já morreram neste ano devido a complicações respiratórias graves.

Enquanto isso, especialistas em saúde alertam para a necessidade de medidas urgentes. “A sazonalidade das doenças respiratórias é previsível, e o planejamento deve considerar essa realidade. Tendo em vista os crescentes casos de SRAG, a falta de leitos é uma falha grave”, avalia um pediatra que preferiu não se identificar. A expectativa é que nos próximos dias o poder público consiga viabilizar alternativas para minimizar os impactos dessa crise.

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