Um dos maiores fotógrafos do mundo, Sebastião Salgado morre aos 81 anos
Artista brasileiro enfrentava complicações decorrentes de malária contraída nos anos 1990; legado inclui obras icônicas e atuação ambiental

O fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado morreu nesta sexta-feira, 23, aos 81 anos, em Paris, na França, onde vivia desde os anos 1990. De acordo com informações divulgadas pela Folha de S.Paulo, Salgado enfrentava complicações decorrentes de uma malária que contraiu ainda na década de 1990, quando realizava expedições fotográficas em regiões tropicais.
Reconhecido mundialmente por seu olhar humanista e seu estilo inconfundível em preto e branco, Sebastião Salgado é considerado um dos maiores nomes da fotografia contemporânea. Sua carreira foi marcada por longos projetos documentais, nos quais registrou trabalhadores, movimentos migratórios e a relação entre humanidade e natureza.
Sebastião Ribeiro Salgado nasceu em Aimorés, interior de Minas Gerais, em 8 de fevereiro de 1944. Formado em economia, trabalhou inicialmente como economista em organizações internacionais, mas, a partir de 1973, decidiu dedicar-se exclusivamente à fotografia, impulsionado por uma viagem de trabalho à África, onde se encantou com o poder das imagens para narrar realidades humanas.
Radicado na França, consolidou-se como fotógrafo documental ao longo das décadas de 1970 e 1980, colaborando com importantes agências como Sygma, Gamma e Magnum Photos. Seu primeiro grande projeto autoral foi “Outras Américas” (1986), que documentou comunidades tradicionais da América Latina.
Nos anos 1990, Salgado lançou dois dos seus mais emblemáticos trabalhos: “Trabalhadores” (1993), no qual retratou o labor de homens e mulheres ao redor do mundo, e “Êxodos” (2000), série sobre os fluxos migratórios forçados por conflitos, fome e desastres ambientais. A intensidade das imagens e o compromisso ético com os temas abordados fizeram de Salgado um dos fotógrafos mais respeitados do mundo.
Em 2013, apresentou “Gênesis”, um ambicioso projeto que durou oito anos e percorreu mais de 30 países. Nele, Salgado registrou paisagens remotas, fauna selvagem e populações que preservam modos de vida ancestrais. O trabalho foi visto como uma celebração à natureza e um alerta sobre a necessidade de preservação ambiental.

Reconhecimento internacional de Sebastião Salgado e atuação ambiental
Ao longo de sua trajetória, Sebastião Salgado recebeu inúmeros prêmios e distinções. Entre eles, o Prêmio Príncipe de Astúrias de Artes, concedido em 1998; a Medalha de Ouro da Royal Photographic Society; e o título de membro honorário da Academia Francesa de Belas Artes. Seu trabalho foi exibido nos principais museus e galerias do mundo, incluindo o MoMA (Nova York), a Maison Européenne de la Photographie (Paris) e a Tate Modern (Londres).
Além da fotografia, Salgado destacou-se como ativista ambiental. Junto à esposa, a arquiteta Lélia Wanick Salgado, fundou o Instituto Terra, organização criada no fim dos anos 1990 com o objetivo de recuperar áreas degradadas da Mata Atlântica no Vale do Rio Doce, em Minas Gerais. O projeto promoveu o plantio de mais de 2 milhões de árvores e tornou-se referência internacional em restauração ecológica.
Nos últimos anos, mesmo enfrentando problemas de saúde, Salgado manteve-se ativo, participando de exposições, lançamentos de livros e debates sobre questões ambientais e sociais. Seu mais recente trabalho publicado foi “Amazônia” (2021), um registro fotográfico sobre a floresta e seus povos, que percorreu diversas cidades em exposições e consolidou sua defesa pública pela preservação dos biomas brasileiros.
Sebastião Salgado faleceu em Paris, cidade onde viveu grande parte de sua vida e onde construiu sua carreira internacional. A cerimônia de despedida deve ocorrer na capital francesa, mas ainda não há informações sobre homenagens oficiais no Brasil.