Preço de alimentos típicos das festas juninas sobe até 44%
Levantamentos mostram que 36 dos 59 produtos analisados aumentaram de preço neste ano
Com a proximidade do mês de junho, os consumidores que pretendem organizar um arraial em casa já começam a sentir o peso no bolso. Ingredientes essenciais para o preparo das tradicionais comidas de festa junina, como amendoim, canjica, coco ralado e leite condensado, estão mais caros este ano. A constatação vem de levantamentos realizados em Belo Horizonte e Goiânia, apontando que a alta média dos produtos típicos supera até mesmo a inflação do período. Além disso, a variação de preços entre estabelecimentos pode ultrapassar os 100%, exigindo atenção redobrada dos consumidores.
Amendoim lidera ranking de aumento
Segundo a pesquisa divulgada pelo site Mercado Mineiro em parceria com o aplicativo ComOferta, dos 59 produtos analisados em abril deste ano, 36 apresentaram aumento de preço na comparação com o mesmo período de 2023. O destaque é o Amendoim Pachá de 500 gramas, que registrou alta de 44,04%, saltando de R$ 14,38 para R$ 20,71. A Paçoquita Santa Helena de 1,17 kg também apresentou variação significativa, subindo de R$ 28,62 para R$ 39,96 — uma alta de 39,63%.
Outros produtos que sofreram aumentos expressivos incluem o Coco Ralado Copra de 100 g, que passou de R$ 4,62 para R$ 6,12 (32,47% de aumento), e a Canjiquinha Anchieta de 500 g, com variação de 33%, indo de R$ 2,97 para R$ 3,95.
Alguns itens ficaram mais baratos, mas variações são grandes em festas juninas
Apesar do aumento generalizado, alguns itens registraram queda de preço. O Feijão Carioca Turamã de 1 kg, por exemplo, teve redução de 24,11%, caindo de R$ 6,58 para R$ 4,99. O Milho de Pipoca Anchieta Premium 500 g também ficou mais acessível, com queda de 21,03%, sendo encontrado por R$ 2,99 em média.
Entre os demais produtos com retração de preços estão o Feijão Preto Tryumpho de 1 kg (queda de 17,52%), Milho de Pipoca Yoki de 500 g (16,59%) e o Feijão Preto Pachá de 1 kg (16,08%).
Ainda assim, o coordenador do Mercado Mineiro, Feliciano Abreu, alerta que as diferenças entre os estabelecimentos são muito expressivas e que, portanto, o consumidor precisa investir tempo na pesquisa de preços. “As variações, como sempre, são muito grandes”, ressalta.
Variações de até 220% entre estabelecimentos
Um dos dados mais impressionantes revelados pelos levantamentos é a diferença de preços entre os estabelecimentos. Em Belo Horizonte, sete produtos típicos registraram variação igual ou superior a 100%. A mandioca, por exemplo, foi encontrada por valores que vão de R$ 2,49 a R$ 7,98 o quilo — uma diferença de 220,48%.
O bacon, bastante utilizado em caldos e outras receitas juninas, teve variação de 146,12%, sendo vendido entre R$ 25,80 e R$ 63,50. A linguiça calabresa apresentou variação semelhante: de R$ 15,80 a R$ 38,73, totalizando 145,13%. Outros produtos com disparidades superiores a 100% incluem o Leite de Coco Sococo de 200 ml, a Paçoquita Santa Helena Rolha de 150 g e o gengibre.

Em Goiás, alimentos típicos também pesam mais no bolso
A realidade não é diferente em Goiás. Dados levantados pelo Procon estadual em anos anteriores mostram aumentos médios de 6,15% nos preços de produtos típicos, ultrapassando o IPCA do mesmo período. O pacote de amendoim vermelho de 500 gramas da marca PPA, por exemplo, subiu 51,40%, passando de R$ 11,40 para R$ 17,26. Embora a pesquisa mais recente do órgão ainda não tenha sido divulgada, a tendência de encarecimento permanece.
Além disso, a Receita de Canjica, com os mesmos ingredientes e marcas, pode ter variação de até 104,08% entre os estabelecimentos pesquisados, dependendo do local da compra. Isso reforça a importância de pesquisar os preços antes de encher o carrinho para os festejos juninos.
Impacto no consumo e no comércio local
O aumento de preços pode afetar diretamente o volume de compras e, consequentemente, a movimentação no comércio local durante o período de festas juninas. Embora seja uma época de aquecimento para supermercados, feiras e pequenos empreendedores, a inflação dos alimentos típicos pode limitar o consumo, especialmente nas camadas mais populares da população.
Mesmo com as altas, os consumidores continuam buscando manter a tradição das festas juninas em casa ou em eventos comunitários. Em Goiás, por exemplo, clubes, igrejas, associações de bairro e organizações já anunciam festas com ingressos entre R$ 10 e R$ 140, prometendo shows, barracas de comidas típicas, sorteios e brincadeiras. A expectativa é de que, apesar da alta de preços, a celebração cultural se mantenha forte e movimente a economia regional.