Goiás prevê crescimento de até 15% nas vendas com festas juninas e julinas
Escolas e empresas voltam a investir em eventos temáticos

As festas juninas e julinas, além de representarem uma das mais importantes manifestações culturais do país, vêm ganhando relevância também na movimentação econômica do comércio varejista, especialmente nas regiões Centro-Oeste e Nordeste. A tradição das celebrações escolares, comunitárias e corporativas impulsiona a venda de alimentos típicos, artigos de papelaria, tecidos e adereços. Em 2025, comerciantes projetam aumento médio de 10% a 15% no volume de vendas em relação ao mesmo período do ano anterior.
A movimentação já começou em maio, com consumidores antecipando as compras de bandeirinhas, chapéus, camisetas xadrez e ingredientes para as comidas tradicionais. A sazonalidade tem favorecido diversos segmentos, especialmente o alimentício e o de papelaria. Para muitos lojistas, o mês de junho é o segundo melhor do primeiro semestre, atrás apenas de maio, impulsionado pelo Dia das Mães.
A cesta junina ficou mais cara, mas o consumidor continua comprando
Levantamentos do setor indicam que o tíquete médio da cesta junina aumentou 21% entre 2022 e 2023, passando de R$ 25,38 para R$ 30,75. A tendência de alta permanece em 2025. No entanto, apesar da elevação dos preços, o consumidor segue disposto a gastar. O número de itens por compra também aumentou, saindo de uma média de 2,2 itens em 2022 para 2,7 em 2023. Em 2025, comerciantes já registram tíquetes com três ou mais produtos por cliente, especialmente em mercados e lojas de variedades.
Entre os produtos com maior procura estão amendoim, milho de pipoca, leite condensado, paçoca, cocada, canjica e batata-doce. As vendas de pipoca, por exemplo, cresceram 40% em junho de 2024 e devem seguir em alta neste ano. Outro destaque é o milho in natura, cuja oferta aumentou em regiões do Centro-Oeste, contribuindo para a manutenção dos preços.
Papelarias e lojas de variedades
A realização de festas escolares tem sido um motor importante para o aquecimento das vendas. Muitas instituições de ensino, especialmente no interior de Goiás, mantêm a tradição das festas juninas com danças, barracas de brincadeiras e concursos de trajes típicos. Esse movimento gera demanda por itens como bandeirinhas, painéis, balões coloridos, papel crepom, EVA, barbante e outros artigos decorativos.
Em Goiânia, donos de papelarias afirmam que o mês de junho representa, para alguns, até 30% do faturamento trimestral. Itens de festa, que muitas vezes permanecem encalhados ao longo do ano, se tornam protagonistas. As compras são feitas tanto por escolas quanto por pais e mães que querem enfeitar as casas ou os figurinos das crianças.

Setor de vestuário ganha fôlego
O comércio de roupas também é favorecido. Lojas populares e ateliês locais intensificam a produção de trajes juninos, especialmente vestidos coloridos, camisas xadrez, saias de chita e acessórios como tiaras, chapéus e lenços. O setor de tecidos também se beneficia, já que muitas famílias optam por confeccionar as próprias roupas ou reformar peças antigas.
Além da demanda infantil, cresce o interesse por trajes adultos, tanto para quem participa das festas quanto para professores, animadores e artistas contratados para eventos públicos e privados. Há ainda incremento nas vendas de maquiagem e produtos para cabelo, como laços, fitas e presilhas.
Produção regional fortalece oferta e mantém preços estáveis
Apesar da inflação que atinge alguns setores, itens essenciais da culinária junina como milho, batata-doce e amendoim vêm apresentando estabilidade ou até queda nos preços em algumas localidades. Em Goiás, a produção agrícola regional favorece o abastecimento e permite que muitos produtos cheguem aos mercados com preços competitivos.
Já entre os alimentos industrializados, o leite condensado e o leite de coco registraram aumentos moderados, mas sem impacto significativo na decisão de compra. Os doces típicos prontos, como paçoca e cocada, seguem entre os campeões de venda, inclusive em embalagens promocionais para festas.
A expectativa do varejo é de que o movimento cresça ainda mais na primeira quinzena de junho e se estenda até o fim de julho, acompanhando o calendário das festas comunitárias e escolares. O segmento de alimentação fora do lar, como barracas, quermesses e food trucks, também deve se beneficiar da alta na demanda, movimentando a economia local e gerando renda temporária para pequenos empreendedores.