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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
mandavê

A metamorfose empreendedora de Marília Slywitch

Influenciadora goiana conta como transformou a venda de maquiagem em rede de franquias e encontrou um novo propósito no mercado de bem-estar com óleos essenciais

Luana Avelarpor Luana Avelar em 5 de junho de 2025
Do quiosque de batons às redes de bem-estar com óleos essenciais, a influenciadora goiana virou referência de autoconfiança e reinvenção. Foto: Herbert Alencar
Do quiosque de batons às redes de bem-estar com óleos essenciais, a influenciadora goiana virou referência de autoconfiança e reinvenção. Foto: Herbert Alencar

Durante anos, ela foi conhecida como a “Doida por Batom”. Nome que, em Goiânia, passou a significar mais que um trocadilho chamativo: tornou-se sinônimo de uma mulher que, armada com uma maleta de maquiagem, percorreu salões de beleza, shopping centers e redes sociais para provar que empreender exige mais do que boas ideias — exige coragem cotidiana. Aos 37 anos, Marília Slywitch Rodrigues é empresária, influenciadora digital e líder de uma rede de vendas com a marca norte-americana dōTERRA, especializada em óleos essenciais. Mas sua trajetória, marcada por recomeços, é sobretudo uma narrativa de transformação e reencontro.

Na última quarta-feira (4), ela esteve no podcast MandaVê, apresentado por Juan Allaesse, para compartilhar, com franqueza e bom humor, todos os detalhes dessa caminhada: desde a infância empreendendo com os retalhos de costura da mãe, passando pela criação da rede de franquias, até a mudança de rumo profissional impulsionada pelo autocuidado e pelo uso dos óleos essenciais.

Nascida em uma família de empreendedoras, a goiana teve sua primeira experiência com vendas ainda na infância, quando a mãe, que trabalhava com moda, a incentivava a vender peças feitas com retalhos. “Eu puxava a sacola e voltava com a pochete cheia de dinheiro”, lembra. Desde então, nunca parou. O desejo de liberdade financeira e criatividade comercial a levou a montar uma loja de maquiagem — a Doida por Batom — quando ainda cursava Direito. O negócio cresceu surpreendentemente: em pouco tempo, somava oito franquias em Goiânia, além de unidades vendidas para outros estados.

Como muitas histórias de empreendedorismo feminino no Brasil, o percurso da empresária não foi sem tropeços. O quiosque montado no Araguaia Shopping sofreu dois desabamentos de teto em dias de chuva, colocando em risco os produtos e a continuidade do negócio. Mas desistir nunca pareceu uma opção. “Empreender é como pular de paraquedas, mas você vai precisar construir o paraquedas ao longo do caminho”, resume. A metáfora do salto livre define bem o estilo com que conduziu sua trajetória: improviso, resiliência e muito pé no chão.

O apogeu da marca veio na década passada, quando os batons líquidos se popularizaram e a jovem empreendedora transformou sua habilidade informal de misturar tons em um produto de desejo. As vendas começaram dentro do escritório onde trabalhava, expandiram-se para a faculdade, migraram para quiosques e, enfim, para uma loja de rua. A pandemia, no entanto, virou o tabuleiro. Em meio ao colapso sanitário e ao isolamento social, ela teve dúvidas sobre lançar seu curso de automaquiagem. “Como ensinar delineado gatinho com tanta gente morrendo?”, questionou-se. Mesmo assim, lançou, e viu o curso se tornar o mais vendido do Brasil na área.

Foi nessa mesma época que conheceu os óleos essenciais. Um desodorante natural, feito com óleo da dōTERRA, surpreendeu pela eficácia e despertou sua curiosidade. A transição da maquiagem para o bem-estar foi tão natural quanto tumultuada. “Passei por uma crise de identidade. Se eu não era mais a doida por batom, quem eu era?”, conta. A resposta veio aos poucos, entre sessões de terapia e experimentações com os produtos da marca. A nova fase não abandonou o empreendedorismo, ao contrário, ampliou-o. Hoje, a influenciadora ocupa a posição de Blue Diamond na empresa, uma das mais altas da rede.

O público, majoritariamente feminino, permaneceu. A comunicadora não esconde sua preferência por trabalhar com mulheres: 90% de sua rede é composta por elas. “Algumas querem fazer dinheiro; outras já têm dinheiro, mas querem propósito”, diz. Seu discurso, agora, gira em torno de saúde, beleza natural e empoderamento pela autonomia. A maquiagem deu lugar ao cuidado com o corpo e com as emoções. Os vídeos de delineado viraram lives sobre hábitos saudáveis, e as vendas rápidas no salão se transformaram em mentorias sobre como criar comunidades de consumo consciente.

A chave de sua atuação permanece na confiança: tanto em si mesma quanto na rede que construiu. A empresária insiste que grandes ideias, sozinhas, não fazem nada. É preciso executar e seguir em frente mesmo com medo. “Empreendedorismo é autoconfiança. Tem que ir com medo mesmo”, resume. A frase, que poderia soar como autoajuda vazia, ganha densidade quando se observa sua trajetória. Ela atravessou o colapso de dois negócios, um cenário pandêmico adverso e uma transição de identidade pública sem abrir mão da ação.

Hoje, segue construindo o que chama de “jardim interno” — um espaço simbólico onde autoestima, liberdade e saúde caminham juntas. A venda de batons deu lugar à venda de produtos que, segundo ela, “tratam por dentro e por fora”. Mas o método é o mesmo: escutar as mulheres, entender suas dores e oferecer soluções com autenticidade. É esse o segredo por trás de sua fidelidade digital: são mais de 120 mil seguidores atentos às suas recomendações, conselhos e histórias, que misturam humor, afeto e um tom de intimidade cuidadosamente cultivado.

Ao revisitar a infância, a goiana reconhece que a pequena vendedora de shortinhos do É o Tchan já carregava os traços da mulher que é hoje. O desejo de autonomia, a energia, a criatividade para encontrar clientes onde ninguém via oportunidade. A diferença é que, agora, seu produto não é só um batom — é um estilo de vida que, para muitas, representa possibilidade de transformação. Ao ensinar outras mulheres a fazer dinheiro ou reencontrar propósito, ela vai, aos poucos, deixando de ser apenas uma empreendedora de sucesso. Torna-se mentora de outras histórias em construção.

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