Um novo estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Portsmouth, no Reino Unido, revelou que os cavalos possuem um repertório complexo de expressões faciais, utilizado para comunicar uma ampla gama de emoções e intenções sociais. A pesquisa, publicada na revista científica PeerJ, catalogou 805 movimentos distintos associados a 22 tipos de comportamento, representando um avanço na compreensão da comunicação não verbal dos equinos.

A investigação baseou-se na codificação precisa das ações musculares que compõem as expressões faciais dos cavalos. A partir de análises estatísticas e observações em diferentes contextos sociais, os pesquisadores associaram essas expressões a emoções como alerta, brincadeira, irritação e bom humor. O trabalho destaca que, embora os cavalos reutilizem os mesmos movimentos em diversas situações, a combinação e a intensidade dos gestos determinam o significado específico.

Entre os sinais identificados, orelhas voltadas para trás e narinas dilatadas indicam incômodo ou predisposição a conflitos. Em estado de alerta, a cabeça é mantida erguida e os olhos piscam com maior frequência. Já durante interações lúdicas, a boca entreaberta, lábios caídos e orelhas rotacionadas são comportamentos que se assemelham a padrões observados em primatas e outros mamíferos carnívoros, sugerindo raízes evolutivas comuns.

O estudo também registrou expressões com significados ainda incertos, como a codificada como AUH21, caracterizada pelo enrijecimento lateral do rosto — um padrão também documentado em humanos e gibões. Essas descobertas podem contribuir para o desenvolvimento de métodos mais eficazes de avaliação do estado emocional e da dor em cavalos, com impactos diretos nos cuidados veterinários e nas práticas de manejo.

Além da relevância científica, o trabalho reforça a necessidade de considerar o contexto completo do comportamento equino, incluindo postura corporal, ambiente e interações sociais. A precisão na interpretação dessas expressões pode beneficiar profissionais que atuam com cavalos em ambientes esportivos, terapêuticos ou de lazer, promovendo relações mais respeitosas e seguras entre humanos e animais.

A pesquisa amplia o campo da etologia comparada ao demonstrar que a comunicação facial complexa não é exclusiva de primatas ou espécies altamente sociais. Ao identificar paralelos comportamentais entre cavalos e outros mamíferos, o estudo contribui para uma abordagem mais empática e fundamentada da convivência com esses animais.