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segunda-feira, 16 de junho de 2025
Desigualdade pesa na balança

Metade dos brasileiros não praticam atividade física

Pesquisa Datafolha revela que renda, escolaridade, gênero e idade influenciam fortemente o sedentarismo no país, com falta de tempo liderando as justificativas para a inatividade

Luana Avelarpor Luana Avelar em 10 de junho de 2025
Two fitness women friends running nature public park

Quase metade da população brasileira com 16 anos ou mais não realiza qualquer atividade física no dia a dia. É o que mostra a nova pesquisa realizada pelo Datafolha, que identificou 47% de sedentarismo entre os entrevistados. Os dados, coletados entre os dias 9 e 11 de dezembro em 113 municípios, revelam um panorama marcado por desigualdades sociais, econômicas e educacionais que influenciam diretamente os hábitos de saúde da população.

Enquanto 53% afirmam se exercitar com alguma frequência, a prática de atividades físicas é menos comum entre aqueles com renda mais baixa e menor grau de instrução. Entre os entrevistados cuja renda familiar não ultrapassa dois salários mínimos, a taxa de praticantes cai para 47%. No extremo oposto, 66% dos que ganham mais de cinco salários mínimos declaram ter uma rotina ativa, um contraste que evidencia a influência do acesso a espaços, tempo e recursos para o cuidado com o corpo.

A escolaridade também interfere diretamente nos índices de atividade física. Apenas 44% das pessoas com ensino fundamental completo relataram hábitos regulares de exercício. Esse número cresce para 56% entre quem completou o ensino médio e alcança 66% entre os que têm ensino superior. O dado sugere que o acúmulo de capital cultural, associado à compreensão dos benefícios do exercício físico, pode ser determinante na formação de hábitos saudáveis.

A pesquisa apontou ainda disparidades entre homens e mulheres. Enquanto 56% dos homens afirmaram praticar exercícios com regularidade, entre as mulheres esse número foi de apenas 50%. A diferença de seis pontos percentuais pode estar relacionada a múltiplas jornadas de trabalho, responsabilidades domésticas desproporcionalmente atribuídas às mulheres e ausência de políticas públicas de estímulo ao autocuidado feminino.

A análise por faixa etária indica que a juventude lidera em hábitos saudáveis: 61% dos brasileiros entre 16 e 24 anos afirmam ter uma rotina ativa. A adesão cai para 47% na faixa dos 45 a 59 anos, sendo superada até mesmo pelo grupo com 60 anos ou mais, que registra 55%. O dado reforça que, mesmo na terceira idade, a prática de exercícios físicos é possível e adotada, enquanto a fase adulta média parece ser o período mais negligenciado em termos de cuidado físico, possivelmente pela sobrecarga profissional e familiar.

Para entender o que leva à inatividade, o Datafolha questionou os 47% que se declararam sedentários. A principal justificativa apontada foi a falta de tempo, mencionada por 49% dos entrevistados. A segunda razão mais citada foi a “preguiça” ou falta de vontade (19%), seguida por “não gostar” (9%), problemas de saúde ou deficiência (5%), “não se sentir bem fisicamente” (4%), falta de recursos financeiros (3%) e desinteresse (2%).

Entre os que se exercitam, a maioria (35%) afirmou realizar atividades físicas de três a quatro vezes por semana. Outros 25% se exercitam diariamente, e apenas 4% se movimentam uma vez por semana. Os dados mostram que, embora exista uma parcela significativa da população que inclui o exercício na rotina, há um desafio persistente em transformar o sedentarismo em exceção e não regra.

A pesquisa acende um alerta para a urgência de políticas públicas que incentivem a prática de atividades físicas e garantam acesso equitativo a espaços adequados, principalmente para mulheres, pessoas com menor escolaridade e baixa renda. Promover a saúde, nesse contexto, significa também combater a desigualdade social que impede que grande parte da população encontre tempo, energia e ambiente para se mover.

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