O Hoje, O Melhor Conteúdo Online e Impresso, Notícias, Goiânia, Goiás Brasil e do Mundo - Skip to main content

sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Harmonia na direita

Tarcísio demonstra apoio irrestrito a Bolsonaro em meio à tensão pré-STF

Reencontro sinaliza alinhamento entre governador de São Paulo e ex-presidente às vésperas de audiência por tentativa de golpe. Especialista vê gesto como símbolo da sobrevivência do bolsonarismo

Thiago Borgespor Thiago Borges em 10 de junho de 2025
Tarcísio demonstra apoio irrestrito a Bolsonaro em meio à tensão pré-STF
Foto: Alan Santos/PR

O último fim de semana foi marcado pelo reencontro do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). O chefe do Executivo paulista abrigou Bolsonaro no Palácio dos Bandeirantes — que se tornou o QG de preparação do ex-presidente para o depoimento que irá prestar no Supremo Tribunal Federal (STF), onde é réu por tentativa de golpe de Estado, nesta semana. 

O movimento de Tarcísio, de receber Bolsonaro na residência oficial do Executivo paulista, foi visto como um gesto de reaproximação entre o governador de São Paulo e o ex-presidente. Sobretudo por acontecer em um momento delicado, já que o ex-chefe do Executivo, nas vésperas da audiência no Supremo, se reuniu com seus advogados para tratar da estratégia de defesa na oitiva da Suprema Corte. 

Recentemente, Tarcísio ganhou a desconfiança de parte do bolsonarismo. Durante evento que marcou a filiação do secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, que saiu do PL para voltar ao PP, o governador adotou um tom que não caiu nas graças dos bolsonaristas mais fiéis. Cercado de lideranças do Centrão, a leitura é a de que o evento foi um ato político do governador e contou com o boicote de parlamentares ligados a Bolsonaro — justamente pela expectativa de que o evento fosse um palanque para o governador paulista. 

Além disso, os acenos de Bolsonaro em apoio a uma possível candidatura de um membro do núcleo familiar — que nos bastidores é tratado como sua preferência — deram margem para especulações da relação com Tarcísio. Agora, com a hospedagem de Bolsonaro no Palácio dos Bandeirantes, tudo aparenta estar em ordem. 

Entretanto, os movimentos acerca da relação entre os dois são tratados com cautela. O ex-presidente resiste em abrir mão de seu capital político e o governador, que tem uma reeleição quase garantida em São Paulo, teme deixar de tentar um novo mandato no Executivo paulista e não ser o escolhido para representar a direita na disputa pelo Palácio do Planalto. 

Leia mais: STF inicia interrogatórios do “núcleo crucial” da tentativa de golpe de Estado

Ato simbólico

Para o mestre em ciência política pela Universidade Federal de Goiás (UFG), Lehninger Mota, o afastamento nunca aconteceu e classificou o caso como um “ato simbólico”. “Eu acredito que o Bolsonaro entendeu que provavelmente vai estar preso [durante as eleições] e que precisa de um nome que tenha capacidade clara de ganhar a eleição presidencial. Então, acho que não é uma reaproximação, porque nunca estiveram distantes, mas é um ato simbólico de mostrar: ainda que o prenda, o bolsonarismo vai sobreviver em uma candidatura.”

Mota ainda deixa claro que, para Bolsonaro, o governador é importante pois dialoga com o empresariado e com o Centrão. “O que o Tarcísio tem que um membro da família Bolsonaro não teria é os votos do centro, porque seria um voto que qualquer membro da família Bolsonaro teria dificuldade em conquistar. 

Ao que tudo indica, Tarcísio tem um apoio forte da Faria Lima — que é a massa econômica dos banqueiros e empresários do Brasil. Todos alertam Bolsonaro que, muito provavelmente, a única forma de o ex-presidente não ficar muito tempo na cadeia seria ao indicar e hipotecar seu apoio a um candidato de direita que tenha condições reais de ganhar a eleição. E Tarcísio é essa figura”, pontua o cientista político.

Siga o Canal do Jornal O Hoje e receba as principais notícias do dia direto no seu WhatsApp! Canal do Jornal O Hoje.
Veja também