O arroz com feijão, prato presente diariamente na mesa de milhões de brasileiros, recebeu reconhecimento internacional. A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) incluiu a combinação na lista dos alimentos mais saudáveis do mundo. O anúncio faz parte de um levantamento que destaca refeições com alto valor nutricional e fácil acesso para a população.

Além do prato brasileiro, a lista reúne outras cinco opções típicas das Américas. Entre elas estão os tamalitos, da Costa Rica, a sopa de feijão preto, da República Dominicana, e os frijoles colados, do Peru. Também aparecem o arroz com feijão vermelho, dos Estados Unidos, e outras receitas à base de leguminosas.

Arroz com feijão: alimento nutritivo e de baixo custo

Raúl Benítez, representante da FAO para a América Latina e Caribe, explicou os motivos da escolha. Segundo ele, a combinação de leguminosas com cereais, como feijão e arroz, forma uma proteína vegetal completa. “Elas são uma fonte importante de proteína vegetal, têm baixo teor de gordura, não contêm colesterol, são livres de glúten e oferecem diversos minerais e vitaminas”, afirmou.

Benítez destacou que esse tipo de prato é acessível para famílias de diferentes níveis de renda. Como alternativa às proteínas de origem animal, o arroz com feijão pode atender às necessidades nutricionais de forma mais econômica.

Pesquisadores da Universidade de Harvard também analisaram o valor nutricional da receita. Estudos apontam que a mistura fornece fibras, ferro, vitaminas do complexo B e proteínas vegetais. Além disso, a combinação pode ajudar na prevenção de doenças relacionadas à má alimentação, de acordo com os especialistas.

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) também se pronunciou sobre o tema. A instituição considera o arroz com feijão uma das principais expressões da cultura alimentar brasileira. O prato está presente em todas as regiões do país e aparece tanto em refeições simples quanto em ocasiões mais elaboradas.

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Benefícios ambientais e preocupação com a diversidade agrícola

A FAO também destacou os efeitos positivos do cultivo de leguminosas para o meio ambiente. O feijão, por exemplo, ajuda a melhorar a qualidade do solo. Isso acontece porque a planta fixa nitrogênio naturalmente, o que diminui a necessidade de fertilizantes químicos. Como consequência, o processo reduz os impactos ambientais provocados por esses insumos.

No entanto, a organização fez um alerta sobre a perda da diversidade de variedades de leguminosas. Benítez afirmou que muitas espécies tradicionais estão desaparecendo em diferentes comunidades. “Em muitas regiões, essas variedades ancestrais estão se perdendo por causa da homogeneização global que favorece apenas alguns cultivos e alimentos, deixando outros de lado”, declarou.

A FAO informou que a valorização de pratos tradicionais, como o arroz com feijão, faz parte de uma estratégia para fortalecer a segurança alimentar em vários países. Além disso, a entidade também defende políticas que incentivem a produção de leguminosas e a preservação de variedades locais. Segundo a organização, essas ações podem ajudar a enfrentar tanto a fome quanto os impactos das mudanças climáticas na agricultura.