Análise: os problemas de criação do Goiás nascem da ausência de uma peça chave no meio-campo
Como a ausência de Rafael Gava interfere no sistema ofensivo do Goiás, e no momento de oscilação admitido por Vagner Mancini.
“O Goiás vive uma oscilação sim”. Essa foi uma das falas mais comentadas pela imprensa goiana nesta semana, tirada da coletiva do técnico esmeraldino Vagner Mancini, após o empate contra o Criciúma em 1 a 1. Os culpados? Podem ser vários, o treinador não perdeu a calma ao admitir a realidade, reiterando que tudo isso é normal. Analisando fatos, o Goiás vem de tropeços nas últimas rodadas. Nos últimos quatro duelos, o Verdão somou quatro pontos, em 12 possíveis. Derrotas para o CRB e o Athletic, um único triunfo contra a Chapecoense, e o último deles sendo o empate na Serrinha contra o Criciúma.
A ausência de uma peça chave
Um dos dilemas centrais que assolam o elenco esmeraldino nos últimos duelos, e com certeza Vagner Mancini, é a ausência de um meia criador. Ao longo deste primeiro turno, o principal jogador que assumiu essa função foi o camisa oito, Rafael Gava, que trouxe resultado. Afinal, o volante de 32 anos segue na liderança de assistências da Série B, empatado com Giovanni do Guarani, e Robert do Atlético-GO , todos com quatro.
Entretanto, o jogador vem sofrendo com alguns problemas físicos, e não entrou em campo em algumas rodadas recentes. Gava está tratando uma contusão no quadril e não possui previsão de voltar a jogar.
Portanto, nasce um ponto fraco. O estilo de jogo de Vagner Mancini é marcado pela agressividade, e isso está sendo traduzido na campanha do Goiás na Série B. Em 15 rodadas, o esmeraldino balançou as redes em 19 ocasiões, sendo a equipe que mais marcou gols na segunda divisão, empatado com Avaí, Athletico-PR e Chapecoense. Uma constância como essa se baseia em construções racionais de jogadas, onde cada jogador cumpre a sua função, e o meio-campo possui papel fundamental nisso. A partir do momento que seu principal homem de meio não está correspondendo fisicamente, o time precisa se adaptar rápido para que encontre respostas de criação enquanto seu armador se recupera. Essa é a variável que Mancini parece estar lutando para solucionar.
“Acredito que o meio-campo do Goiás é algo primordial para a ideia de jogo do Mancini. Apesar de ser o homem mais avançado, o Gava sabe muito bem ser um volante e ajuda bastante na fase defensiva, além de dar liberdade para o Juninho quando é necessário”, afirma Felipe André, jornalista da ESPN Brasil.
O que se enxerga do Goiás sem Rafael Gava, é um time com pouca criatividade e paciência. Com ele era notória a facilidade de troca de passes, o jogo cadenciado, ataques pensados, e um sistema ofensivo eficiente com a bola no chão. Na partida contra o Criciúma, o jogo foi mais direto, com ligações longas, que até podem apresentar um certo nível de precisão, mas evidentemente, não possuem o mesmo grau de eficiência.
Possíveis alternativas
A resposta para o problema parecia ter sido encontrada pelo argentino Martín Benítez. Porém, a minutagem do jogador é algo a se apontar, 138 minutos em campo em três jogos, apenas um como titular. Não houve nenhuma declaração oficial do clube a respeito da condição física do jogador. Mas, na última coletiva, Mancini destacou que o atleta está em ‘transição’ e tem feito trabalhos específicos para suportar os 90 minutos de bola rolando.
A chegada de Wellington Rato parece ser uma opção viável, considerando, é claro, que o atacante possui características diferentes de Rafael Gava. No São Paulo e no Vitória, atuou como ponta pelo lado direito, mas pode fazer a função de 10, como já fez em algumas ocasiões pelo Atlético-GO.
“A chegada do Benítez oferece outra ideia, com um 10 clássico, de jogar próximo a área adversária, mas é um atleta difícil de confiar para uma sequência de jogos devido a sua parte física. O Rato eu vejo mais como um ponta-direita, apesar de jogar centralizado, mas é diferente também do Gava”, ressalta Felipe André.
Por fim, as alternativas encontradas por Vagner Mancini poderão ser testadas neste sábado (12), quando o Goiás enfrenta o Athletico-PR na Ligga Arena. A bola rola a partir das 20h30, horário de Brasília.
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