O Brasil corre risco de faltar energia nos horários de pico entre 2025 e 2029, caso não avance com leilões para contratar nova capacidade elétrica. A advertência está no Plano da Operação Energética (PEN 2025), divulgado nesta terça-feira (8) pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Segundo o documento, sem a contratação de reserva de potência, o sistema enfrentará dificuldades crescentes para atender à demanda, especialmente no fim do dia, quando o consumo atinge o ápice e as fontes solares já não produzem.

A projeção indica necessidade de acionar usinas termelétricas com mais frequência a partir de outubro deste ano. O uso dessas usinas, no entanto, deve ser focado em alternativas flexíveis, com rápida capacidade de resposta. O ONS descarta a inclusão de térmicas com operação lenta ou inflexível.

Diante do cenário, o retorno do horário de verão — suspenso desde 2019 — voltou a ser cogitado como medida paliativa. A adoção dependerá da avaliação do comportamento da demanda nos próximos meses.

Apesar do aumento da capacidade de geração previsto, 36 GW adicionais até 2029, grande parte virá de fontes intermitentes, como solar e eólica, que não suprem bem o sistema nos momentos de maior exigência, como o período noturno.

A ausência de um leilão de potência agrava o problema. Um certame previsto para agosto de 2023 foi cancelado após judicialização e revogação da portaria que o regulamentava. Agora, uma nova tentativa depende de novo ato do Ministério de Minas e Energia.

O risco de insuficiência da oferta de potência (Lolp) é considerado crítico entre 2026 e 2029. O relatório indica que todos os anos analisados apresentam violação dos critérios mínimos de confiabilidade, com maior gravidade nos meses de agosto a dezembro.

Outro desafio são as chamadas “cargas especiais”, como datacenters e projetos de hidrogênio verde. Essas instalações exigem energia em grande volume e pouca flexibilidade, pressionando ainda mais o sistema, especialmente à noite.

Segundo o ONS, a realização de leilões anuais de reserva de potência é imprescindível para garantir a segurança elétrica do país nos próximos anos.