Roncar não é normal: o que a ciência já sabe sobre as causas e as soluções
Estudos indicam que o barulho noturno pode ser mais do que um incômodo e apontam formas eficazes de tratamento, da posição na cama ao diagnóstico de apneia
Apesar de frequentemente tratado com resignação ou humor, o ronco é um distúrbio que pode indicar problemas mais sérios de saúde. Para quem convive com o barulho noturno, o impacto é direto na qualidade do sono. Mas, mesmo para quem ronca, as consequências vão além do som: a interrupção do fluxo de ar durante a noite pode ser sinal de apneia obstrutiva do sono, uma condição associada a fadiga crônica, hipertensão e risco cardiovascular.
Pesquisadores da Harvard Health têm alertado que o ronco raramente é apenas uma peculiaridade. Ele ocorre quando o ar encontra resistência ao passar pelas vias respiratórias, fazendo vibrar os tecidos da garganta. Essa vibração, intensificada por fatores como excesso de peso, uso de álcool ou congestão nasal, transforma o sono em uma experiência fragmentada e, muitas vezes, perigosa.
A ciência já identificou algumas mudanças comportamentais que fazem diferença. A posição ao dormir, por exemplo, influencia diretamente no padrão de respiração. Deitar de lado, em vez de dormir de costas, reduz as chances de obstrução das vias aéreas. Outra medida com impacto comprovado é a perda de peso. A gordura ao redor do pescoço comprime as estruturas respiratórias e amplia a probabilidade de ronco. A redução mesmo modesta do peso corporal tem efeito significativo.
Além disso, o consumo de álcool próximo à hora de dormir contribui para o relaxamento excessivo da musculatura da garganta, facilitando o colapso das vias aéreas. Evitar bebidas alcoólicas à noite é uma orientação constante entre especialistas. O mesmo vale para fumantes, já que o tabagismo agrava inflamações respiratórias e aumenta o volume de secreções.
Em casos recorrentes, quando o ronco é intenso e acompanhado por pausas respiratórias durante a noite ou sonolência diurna excessiva, o indicado é investigar a possibilidade de apneia do sono. O uso de aparelhos de pressão positiva contínua (CPAP), embora antes restrito a casos graves, tem se mostrado eficaz também em situações menos severas.
Tecnologias de monitoramento e soluções como travesseiros inteligentes ou protetores bucais personalizados complementam o tratamento, mas a base segue sendo a identificação da causa. Em muitos casos, ajustes no ambiente de sono, como uso de umidificadores ou redução de luz e ruído, também contribuem para noites mais silenciosas.
O ronco, portanto, não deve ser naturalizado. Ele é um sintoma, e a boa notícia é que quase sempre há solução, desde que se leve a sério o que ele está tentando dizer.