Um mês após desastre, lixo tóxico ainda contamina rios em Goiás
Sem plano de retirada ou reparação, colapso do lixão em Padre Bernardo atinge comunidades rurais e negras no entorno do DF
Trinta dias após o desabamento do lixão em Padre Bernardo (GO), não há qualquer ação concreta do poder público para remoção dos resíduos. Toneladas de lixo seguem espalhadas sobre o Córrego Santa Bárbara e chegam ao Rio Maranhão, prejudicando comunidades que dependem dessas águas para viver.
Segundo a Secretaria de Meio Ambiente de Goiás, o volume despejado equivale a 16 piscinas olímpicas de resíduos, incluindo lixo hospitalar e metais pesados. A água deixou de ser consumida, usada para pesca ou agricultura. Famílias inteiras precisaram passar a depender de caminhões-pipa.
Mesmo funcionando dentro de uma Área de Proteção Ambiental, o lixão operava com respaldo de uma liminar judicial, sem licenciamento ambiental válido. A empresa responsável já foi multada em R$ 37,5 milhões. O Estado estima mais de 4 mil viagens de caminhão para retirar o lixo, mas nenhum cronograma foi apresentado.
Para os moradores, a demora amplia os danos. O solo e o lençol freático foram atingidos, afetando cultivos, animais e abastecimento humano. A contaminação compromete o futuro das comunidades locais, formadas majoritariamente por famílias negras. Sem água potável e sem resposta, vivem agora sob risco permanente.