Tempo de atenção cai para 47 segundos e especialistas apontam a alimentação
Alimentos ricos em gorduras saudáveis, como o ômega-3, podem favorecer a concentração
A dificuldade de manter a concentração tem se tornado uma queixa cada vez mais comum, especialmente em um mundo hiperconectado. Um estudo publicado em janeiro de 2021 pelas Universidades da Pensilvânia e Stanford revelou uma redução significativa no tempo médio de atenção ao longo das últimas duas décadas. Enquanto em 2004 as pessoas conseguiam se concentrar por cerca de dois minutos e meio, esse tempo caiu para 75 segundos em 2012 e, em 2023, chegou a apenas 47 segundos.
Especialistas ressaltam que, além de limitar o tempo de exposição às telas, a alimentação desempenha um papel fundamental na saúde cerebral. Alimentos ricos em gorduras saudáveis, como o ômega-3 presente em sementes de linhaça, chia, nozes e frutas vermelhas, podem favorecer a concentração. Esses alimentos contêm triptofano, um aminoácido essencial para a produção de serotonina, neurotransmissor que atua na regulação do humor, do sono e da atenção.
Outro componente que contribui para o foco e a redução da ansiedade é a teanina, encontrada no chá-verde. Esse aminoácido auxilia na função intestinal, o que, por sua vez, impacta diretamente o desempenho cerebral. A manutenção da saúde digestiva, portanto, reflete na clareza mental e na estabilidade emocional ao longo do tempo.
A carência de nutrientes também pode comprometer o funcionamento cognitivo. A falta de ferro, vitamina B12, zinco ou ômega-3 está relacionada a sintomas como fadiga, lentidão de raciocínio, irritabilidade e quadros semelhantes aos de transtornos de atenção. Para especialistas, o cérebro exige combustível constante, e desequilíbrios nutricionais afetam diretamente o foco, a memória e o aprendizado.
A presença adequada de aminoácidos como a tirosina, que estimula a produção de dopamina e noradrenalina, e da colina, essencial para a síntese de acetilcolina, neurotransmissor ligado à memória, é determinante para o bom funcionamento cerebral. Esses compostos também participam da geração de energia celular, influenciando não apenas o desempenho mental, mas o bem-estar geral.
O café e o chocolate amargo, quando consumidos com moderação, podem contribuir significativamente para a concentração e o desempenho mental. De acordo com especialistas, até duas a três xícaras de café por dia são suficientes para melhorar o estado de alerta, graças à ação estimulante da cafeína. No entanto, o consumo excessivo pode provocar efeitos indesejados, como ansiedade, insônia e até uma sensação de fadiga após o pico de estimulação, o chamado efeito rebote.
O chocolate amargo, especialmente os com alto teor de cacau, também é considerado um aliado da função cerebral. Rico em teobromina e flavonoides, ele favorece o fluxo sanguíneo no cérebro, o que pode melhorar o foco e a cognição. Ainda assim, é necessário atenção à composição: versões com grande quantidade de açúcar podem provocar oscilações nos níveis de energia, com picos seguidos de queda, o que compromete a estabilidade mental ao longo do dia.
Especialistas recomendam a inclusão de determinados alimentos na rotina alimentar como forma de potencializar a concentração e melhorar o desempenho mental. Ovos, por exemplo, são ricos em colina, nutriente essencial para a formação de neurotransmissores ligados à memória e à atenção. A banana, por sua vez, é uma fonte natural de triptofano, que atua na produção de serotonina, contribuindo para o bem-estar e a estabilidade emocional, fatores diretamente relacionados ao foco.
Peixes gordurosos, como o salmão, são valorizados pelo alto teor de ômega-3, substância que protege o cérebro contra processos inflamatórios e está associada à melhora da performance cognitiva. Já a castanha-do-pará oferece selênio, um potente antioxidante capaz de reduzir o cansaço mental. O espinafre também figura entre os aliados da saúde cerebral, por conter magnésio e vitaminas do complexo B, nutrientes importantes para o funcionamento do sistema nervoso.
Os efeitos desses alimentos podem ser percebidos de formas diferentes. Enquanto fontes de carboidratos de baixo índice glicêmico promovem atenção e energia de forma mais imediata, o impacto do ômega-3 tende a se manifestar no médio e longo prazo, com benefícios acumulativos para a função cerebral.