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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Escalada

Israel intensifica ofensiva em Gaza enquanto ONU alerta para colapso humanitário

Tanques israelenses avançam em Deir Al-Balah, ampliando deslocamentos e elevando número de mortos em Gaza

Lalice Fernandespor Lalice Fernandes em 21 de julho de 2025
Israel intensifica ofensiva em Gaza enquanto ONU alerta para colapso humanitário
Papa Leão XIV condena força indiscriminada e deslocamentos forçados na Faixa de Gaza em conversa com o presidente Mahmoud Abbas. (Foto: Reprodução/ Vatican News)

Pela primeira vez desde o início da guerra, forças terrestres israelenses entraram nas áreas sul e leste de Deir Al-Balah, no centro da Faixa de Gaza. A ação foi confirmada pelo Exército de Israel na segunda-feira (21), que justificou a operação com a suspeita de que reféns estariam naquela região. O comando militar afirmou que atua com intensidade para destruir “capacidades inimigas e infraestrutura terrorista”.

A ação veio acompanhada de novos bombardeios aéreos. Segundo equipes médicas locais, ao menos três pessoas morreram e dezenas ficaram feridas após ataques atingirem residências e mesquitas. Os alvos estavam em uma zona onde, um dia antes, o Exército havia ordenado a evacuação de civis. Famílias que permaneciam no local fugiram para áreas costeiras e para Khan Younis.

A movimentação militar ocorre em meio ao agravamento da crise humanitária. O Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, informou que 19 pessoas morreram de fome desde sábado (19). Segundo o porta-voz Khalil Al-Deqran, hospitais operam no limite e profissionais de saúde relatam consumir apenas uma refeição por dia. “Centenas de pessoas recorrem diariamente aos hospitais, sofrendo de fadiga e exaustão devido à fome”, afirmou. Ainda, foi alertado para um risco iminente de “mortes em massa”.

A distribuição de ajuda humanitária também foi afetada por novos ataques. No domingo (20), mais de 70 pessoas morreram durante a espera por caminhões de alimentos no norte de Gaza. De acordo com testemunhas, os disparos partiram de posições israelenses. O Exército afirmou que soldados reagiram a uma “ameaça imediata”, usando “tiros de advertência” contra a multidão. Os militares disseram que os números de mortos foram “inflados” e negaram ter como alvo caminhões de ajuda.

Ainda, também na segunda-feira, o papa Leão XIV recebeu uma ligação do presidente palestino, Mahmoud Abbas, segundo o Vaticano, o pontífice se posicionou contra “qualquer deslocamento forçado em massa” e condenou o “uso indiscriminado da força” na Faixa de Gaza. Essa conversa ocorreu três dias após o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu ter telefonado ao papa para lamentar o ataque à igreja da Sagrada Família, em Gaza, que resultou em três mortos e feriu um pároco.

A nova ofensiva coincide com negociações por cessar-fogo conduzidas por Egito e Catar, com apoio dos Estados Unidos. Ainda não houve sinal de avanço nas tratativas. Enquanto isso, o deslocamento interno segue aumentando. A ONU criticou duramente a ordem de retirada emitida no domingo, que afeta uma área de 5,6 km² em Deir Al-Balah. Segundo o Escritório da ONU para Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), entre 50 mil e 80 mil pessoas vivem na região, muitas delas deslocadas de ataques anteriores.

A área evacuada inclui estruturas de assistência, como armazéns da ONU, postos de saúde e sistemas de abastecimento de água. Para o OCHA, danos a essa infraestrutura podem ter efeitos fatais. A entidade alertou ainda que 87,8% do território da Faixa de Gaza já está sob ordens de evacuação ou declarado como zona militar israelense. Restam cerca de 12% do território para o abrigo de 2,1 milhões de pessoas.

Com a redução das áreas seguras e a intensificação dos combates, organizações humanitárias enfrentam dificuldades logísticas e operacionais. “A nova ordem compromete seriamente a capacidade de entregar ajuda”, afirmou o OCHA. Segundo o porta-voz militar israelense Avichay Adraee, a intenção do Exército é expandir as operações para áreas até então inexploradas.

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