A demência não começa de forma repentina. O envelhecimento do cérebro é um processo que se desenvolve ao longo dos anos e pode ser influenciado por escolhas feitas desde as primeiras fases da vida. De acordo com a Comissão Lancet sobre Demência, publicada em 2020, cerca de 40% dos casos poderiam ser prevenidos ou adiados com a modificação de doze fatores de risco identificados em diferentes etapas da existência.

A infância e a adolescência são fases críticas para a formação da reserva cognitiva. Estímulo intelectual, nutrição adequada e sono de qualidade ajudam a construir defesas neurológicas contra perdas futuras. Um estudo da Harvard Medical School, de 2021, apontou que adolescentes com padrões de sono ruins apresentaram alterações em áreas cerebrais ligadas à memória e ao raciocínio.

Na vida adulta, o cérebro passa a ser impactado pelo estilo de vida. A combinação de sedentarismo, alimentação inadequada, consumo de álcool e tabaco, somada a doenças como hipertensão, diabetes e obesidade, afeta silenciosamente a circulação cerebral e acelera processos inflamatórios. Além disso, o isolamento social e o estresse crônico interferem na química cerebral e aumentam o risco de declínio cognitivo.

Mesmo na terceira idade, manter-se fisicamente ativo, preservar vínculos sociais e controlar doenças crônicas continua sendo decisivo. O estudo clínico FINGER, publicado na The Lancet em 2015, demonstrou que a combinação de alimentação saudável, treino cognitivo e atividade física reduziu o declínio cognitivo em idosos em até 30% ao longo de dois anos.