Demanda por cuidadores cresce com envelhecimento da população em Goiás
Com mais idosos na capital, cursos técnicos registram aumento na procura e formação em cuidado humanizado se torna prioridade
A expansão da população idosa em Goiás impacta diretamente a dinâmica do mercado de trabalho. Dados do Censo 2022 mostram que o número de pessoas com 65 anos ou mais passou de 2,8% em 1980 para mais de 9% em 2022. Em Goiânia, a mudança é ainda maior: o índice de envelhecimento da capital já supera as médias estadual e nacional, revelando uma reconfiguração das demandas sociais.
Nesse novo cenário, a profissão de cuidador de idosos assume um papel estratégico. Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), houve um crescimento de 547% nas contratações para essa função nos últimos dez anos. A tendência reflete tanto o aumento da longevidade quanto a redução no tamanho das famílias, que agora contam com menos pessoas para dividir o cuidado com os mais velhos.
Em Goiânia, essa procura se reflete diretamente na busca por formação. “A gente recebe uma média de 80 pessoas buscam pela formação a cada mês”, afirma Matheus Augusto Martins, gestor de uma escola técnica na capital, Grau Educacional. Ele explica que, além do curso, a instituição mantém uma agência de empregos voltada à área. “A procura pelos cuidadores de idosos é sempre alta”.
Apesar do aumento da demanda, há um desafio. “O problema é que a maioria destes profissionais ainda buscam a atividade como complemento de renda e querem atuar apenas em alguns períodos”, comenta Matheus. O modelo ideal, segundo ele, exige dedicação integral ou disponibilidade para viagens, o que nem sempre é possível.
A crescente profissionalização da área aponta para uma mudança estrutural no cuidado com a terceira idade. Em vez de improviso ou dependência familiar, forma-se uma categoria cada vez mais preparada para enfrentar os desafios do envelhecimento.