Comemorado em 26 de julho, o Dia dos Avós reflete uma realidade cada vez mais visível: a de uma geração que envelhece com saúde, autonomia e vontade de continuar sonhando, aprendendo e contribuindo com a sociedade. No Brasil, segundo o IBGE, a expectativa de vida ao nascer passou de 62,6 anos em 1980 para 76,4 anos em 2023, resultado direto dos avanços da medicina e da qualidade de vida.

Esse salto também é percebido no mercado de trabalho. A presença de idosos cresceu significativamente nos últimos anos: em 2012, havia 5,1 milhões de pessoas com mais de 60 anos ocupadas. Em 2024, esse número chegou a 8,6 milhões, um crescimento de quase 69%. Hoje, 1 em cada 5 pessoas em idade ativa no país tem mais de 60 anos.

Essa nova geração de avós — muitas vezes chamada de Geração Prateada — já não se encaixa no estereótipo da aposentadoria precoce, da dependência ou da fragilidade. Pelo contrário: são profissionais experientes, estudantes, praticantes de atividades físicas, conectados às redes sociais e com uma rotina intensa de projetos pessoais e convivência com a família.

Apesar disso, o etarismo, ou preconceito por idade, ainda é uma barreira silenciosa. Muitas vezes os idosos são tratados com impaciência, infantilizados ou excluídos de oportunidades apenas por serem mais velhos. Em vídeo publicado em seu portal, o médico Drauzio Varella afirma que o etarismo é “um preconceito invisível, mas muito presente”. Ele destaca que muitos idosos são ignorados em espaços de decisão e que o envelhecimento ainda é visto como um processo de perda, quando deveria ser encarado como uma etapa de potência.

Esse preconceito se manifesta de várias formas: piadas, subestimação das capacidades, exclusão do mercado, falta de escuta. Combater o etarismo, portanto, é reconhecer o valor da experiência e da diversidade etária — tanto nas famílias quanto nas empresas. É entender que os avós de hoje têm muito a ensinar, a fazer e a transformar.

Exemplos de longevidade ativa e inspiradora estão por toda parte. São avós que continuam trabalhando porque amam o que fazem. Outros se aposentaram, mas voltaram a estudar, abriram negócios próprios, aprenderam a usar redes sociais e aplicativos, começaram a fazer yoga, dança, musculação. São pessoas como Wilma Rosa Lino, que mesmo aposentada continua atuando profissionalmente porque se sente motivada: “Estar aqui me mantém ativa, realizada e inspirada. O ambiente, os desafios e a convivência diária me fazem bem. Me sinto valorizada, e isso me dá energia”, diz a avó de Laura, 8, e Alice, 5.

Também há os avôs mais jovens, como Wanderson Ribeiro da Silva, de 42 anos, que celebrou recentemente o nascimento do neto José Enrico. “Ser avô é uma alegria que me pegou de surpresa. Ainda sou muito ativo profissionalmente, pratico exercícios, estudo sobre gestão e tenho muitos projetos. Quero ser um exemplo para ele, mostrar que cuidar da mente e do corpo vale a pena em qualquer fase da vida”, afirma.

O envelhecimento populacional é um dado incontornável no Brasil. Mas isso não precisa ser visto como um problema — e sim como uma oportunidade. Para isso, é preciso transformar o modo como a sociedade enxerga os mais velhos: menos estigmas e mais escuta, respeito e inclusão.

Neste 26 de julho, o convite é para celebrar os avós não apenas com homenagens, mas com atitude: ouvindo suas histórias, respeitando suas escolhas, valorizando seu tempo e, principalmente, derrubando os muros invisíveis que ainda separam gerações. Afinal, envelhecer com dignidade é um direito de todos — e reconhecer o valor dos avós é um passo essencial para isso.