Câncer de intestino afeta pessoas cada vez mais jovens, aponta pesquisa
Especialista explica que hábitos como má alimentação e sedentarismo estão entre os motivos
O risco de desenvolver câncer de intestino aumentou 2,4% em pessoas com menos de 50 anos durante 2012 a 2021. Esse dado é da pesquisa Cancer Facts & Figures 2025, da Sociedade Americana de Câncer (ACS). Até pouco tempo, esse tipo de câncer era mais comumente atribuído a pessoas acima dos 50 anos. Porém, recentemente, a comunidade científica tem se atentado a uma diversidade de fatores de risco que explicam o aumento de jovens suscetíveis a desenvolver a doença, como explica Dra Geanna Resende, médica coloproctologista.
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“Temos observado nos últimos anos uma incidência muito alta em indivíduos cada vez mais jovens, de 30 a 40 anos. Isso pode ser motivado pela prevalência de maus hábitos na rotina, como sedentarismo, tabagismo, etilismo [consumo de álcool], dieta rica em ultraprocessados e outros alimentos como açúcares e farináceos”, explica a doutora.

Como a alimentação pode aumentar o risco de câncer?
Um estudo recente da Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou carnes processadas como calabresa, bacon e embutidos de modo geral no grupo 1 de carcinogênicos. Essa categoria é a mesma do tabaco, amianto e fumaça de óleo diesel. Nesse contexto, o documento aponta que o consumo diário de 50 gramas de carne processada, o equivalente a uma salsicha, aumenta o risco de câncer colorretal em 18%. Desse modo, levanta-se um alerta para o consumo excessivo desse tipo de alimento, que, em conjunto com outros fatores, pode elevar os riscos de desenvolver a doença.
“Mesmo o peito de peru, que tem a fama de ser menos calórico, entra aí na lista dos embutidos e que tem uma ação carcinogênica. Esse tipo de alimentação, somada com o sedentarismo, são fatores de risco para a saúde intestinal de uma forma geral. Esse conjunto influencia na composição da nossa microbiota intestinal”, diz a Dra. Geanna.
Como reconhecer os primeiros sintomas?
A coloproctologista Geanna Resende explica que o câncer colorretal (adenocarcinoma) se origina a partir de um adenoma. Mesmo que seja inofensivo num primeiro momento, os adenomas podem evoluir para uma estrutura prejudicial à saúde, a qual a medicina chama de pólipo maligno. Esses pólipos são identificados a partir do exame de colonoscopia. Apesar do câncer colorretal ser o mais comum, existem variações da doença, que exigem tratamentos específicos.
Entre os sintomas mais comuns de câncer colorretal, destacam-se:
- Sangue nas fezes;
- Mudanças repentinas nos hábitos intestinais (diarreia ou constipação);
- Sensação de evacuação incompleta;
- Cansaço ou fadiga inexplicáveis;
- Dores abdominais;
- Perda inesperada e repentina de peso.
Além de atenção aos sinais do corpo, a coloproctologista recomenda que a população se informe sobre os impactos de certos hábitos cotidianos em sua saúde. “É preciso saber onde procurar as informações de credibilidade e embasamento científico”, pontua a doutora Geanna.