Baixa umidade agrava doenças respiratórias e afeta olhos, nariz e garganta; saiba como se prevenir
Médica explica por que o clima seco compromete a defesa natural do corpo e como aliviar os sintomas
Quem mora em Goiânia já sabe: o ar seco do inverno pode transformar atividades simples do dia a dia, como respirar ou dormir, em verdadeiros desafios. E não é só impressão — os níveis de umidade do ar chegaram a ficar abaixo de 25% na cidade durante a primeira quinzena de julho, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). O índice acende o sinal de alerta para médicos e especialistas, que reforçam a necessidade de cuidados com as mucosas do corpo, principalmente nariz, boca e olhos, que ficam mais vulneráveis a infecções e irritações nessa época do ano.
A médica otorrinolaringologista Juliana Caixeta explica que a exposição prolongada ao clima seco compromete as defesas naturais do organismo. “As mucosas ficam mais ressecadas, o que causa desconforto e, até mesmo, dor. E embora o corpo tenha mecanismos de compensação, muitas vezes esses mecanismos falham e os sintomas aparecem”, esclarece.
Clima seco prejudica defesas naturais do corpo
Entre julho e setembro, a queda da umidade relativa do ar é uma característica comum no Centro-Oeste. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que o índice fique entre 50% e 60%, mas em Goiânia os valores costumam despencar para níveis bem abaixo do ideal. Com isso, as mucosas — que funcionam como barreiras contra agentes externos — perdem parte da proteção natural.
De acordo com Juliana, esse cenário favorece o surgimento de infecções. “As infecções são mais comuns porque alguns vírus circulam com maior frequência nessa época do ano. Além disso, com o frio, as pessoas tendem a ficar em locais fechados e aglomerados, o que facilita a transmissão”, afirma.
Os sintomas mais relatados por pacientes nesse período incluem dor de garganta, sensação de areia nos olhos, sangramento nasal e obstrução nasal persistente. “É comum a sensação de garganta arranhando, principalmente à noite. Em casos mais graves, pode haver sangramentos”, explica a médica.
Alguns grupos precisam de atenção redobrada. Crianças com menos de 2 anos, idosos acima dos 65 e pessoas com doenças respiratórias crônicas como asma e fibrose pulmonar estão entre os mais vulneráveis. Pacientes imunossuprimidos também apresentam maior risco de complicações.
Além disso, doenças como rinite, sinusite e asma tendem a se agravar. “A rinite e a asma tendem a descompensar nessa época do ano, principalmente por conta da baixa umidade, das temperaturas mais baixas e da grande amplitude térmica entre o dia e a noite”, diz Juliana. Por isso, ela recomenda o acompanhamento médico regular e o uso de medicações preventivas, quando indicado.
Cuidados simples ajudam a aliviar o desconforto
Manter a hidratação do corpo e das mucosas é uma das principais orientações para enfrentar o tempo seco. A médica destaca a importância de medidas simples que podem ser adotadas na rotina diária para amenizar os sintomas e prevenir complicações.

Confira algumas recomendações:
- Beber bastante água ao longo do dia
- Usar soro fisiológico para hidratar as vias nasais
- Aplicar colírios lubrificantes nos olhos
- Utilizar hidratantes para evitar o ressecamento da pele
- Manter os ambientes ventilados e livres de poeira
- Ligar umidificadores de ar, principalmente à noite
A especialista lembra que o uso do umidificador requer alguns cuidados. “É importante que o umidificador esteja em boas condições. Deve-se usar água filtrada ou destilada e higienizar o aparelho com frequência”, orienta.
Ambientes climatizados por ar-condicionado, como escritórios e escolas, intensificam o ressecamento. Nesses locais, o ideal é levar consigo um frasco de soro fisiológico ou colírio para aplicar durante o dia. E, em caso de sintomas gripais, a recomendação é evitar frequentar espaços coletivos para reduzir a disseminação de vírus.
Quando o desconforto persiste ou os sintomas pioram, a busca por atendimento médico é essencial. “Se houver dor ou desconforto constante no nariz e na garganta, sangramentos nasais recorrentes ou obstrução nasal que dure mais de 15 dias, é importante procurar um especialista”, reforça Juliana Caixeta.
A combinação entre baixas temperaturas e ar seco exige cuidados contínuos com a saúde respiratória.
Leia também: Especialista critica proposta de Mabel para motos em faixas exclusivas de ônibus