O número de casos confirmados de dengue em Goiás chegou a 79.158 em 2025, segundo dados da Secretaria de Saúde de Goiás (SES-GO). Apesar de uma redução de 22,65% nas notificações entre março e abril, o número de internações aumentou drasticamente: foram 2.684 hospitalizações apenas neste ano. Em 2023, no mesmo período, foram 153.

As cidades com mais registros de casos e mortes estão em estado de alerta ou emergência, como é o caso de Goiânia, que confirma 17 mortes, investiga outras 22 e já soma 844 casos da doença.

Aparecida de Goiânia segue com 10 óbitos confirmados, 5 sob investigação e 548 casos registrados. Já Anápolis, com 503 casos, confirmou 3 mortes e apura outras 3, sendo a única cidade em situação de emergência.

Mesmo com menos notificações, o risco continua alto por causa do clima, combinação de calor, chuva e a circulação simultânea dos vírus da dengue e chikungunya.

Até agora, segundo o painel atualizado da SES-GO, Goiás teve 240.150 notificações de dengue em 2025, com 120.193 confirmações e 135 mortes. Outros 150 óbitos ainda estão sendo investigados.

A superintendente de Vigilância em Saúde da SES-GO, Flúvia Amorim, afirma que a situação atual é mais grave que em 2022. “A gravidade do cenário atual é pior do que o verificado em 2022, quando foram confirmados 193.782 casos e 182 óbitos pela doença.”

Flúvia também reforça a importância da vacinação: “A vacina é o meio mais eficaz de prevenir internações, tanto de dengue como de doenças respiratórias. Exatamente pela diminuição do número de pessoas vacinadas nos anos anteriores para gripe e covid-19, por exemplo, que hoje temos esse aumento de casos de doenças respiratórias e de sua gravidade”.

Segundo ela, a cobertura vacinal já passa de 90%, com mais de 48 mil doses aplicadas, mas cerca de 10% ainda estão disponíveis. “As pessoas precisam procurar um posto de vacinação. Lembrando que, para esse lote específico, foi liberada a vacina para pessoas de 4 a 59 anos de idade”, ressaltou.

Fiscalização e novas estratégias no combate ao mosquito em Goiânia e Aparecida

Em Goiânia, a prefeitura tem realizado vistorias compulsórias em imóveis fechados ou abandonados, principalmente na Região Leste. A força-tarefa é composta por agentes de endemias, auditores da vigilância, guardas civis e chaveiros. “Durante as visitas, as equipes realizam a abertura dos imóveis de forma técnica, preservando a integridade do local”, explicou o secretário de Saúde, Luiz Pellizzer.

Logo na primeira ação, os agentes encontraram uma piscina abandonada e vários recipientes com larvas. O dono do imóvel foi multado em R$ 10 mil. “Isso apenas reforça o quanto é importante que as ações de combate à dengue sejam realizadas de forma contínua e não apenas no período chuvoso”, disse Jadson Moreira, gerente de fiscalização da Diretoria em Zoonoses.

Enquanto isso, em Aparecida, a prefeitura instalou armadilhas chamadas ovitrampas, em parceria com o Estado. Elas são potes com água e palhetas que atraem o mosquito para monitoramento. “Cada ovitrampa pode atrair mosquitos num raio de até 300 metros, ampliando significativamente nossa capacidade de monitoramento”, explicou Iron Pereira, superintendente de Vigilância em Saúde da cidade.

As armadilhas estão sendo colocadas em pontos estratégicos, a até 1,5 metro do chão, longe do alcance da população e do sol. A instalação começou na UBS Expansul. As equipes foram treinadas no dia 28 de agosto para cuidar da instalação, manutenção e análise das armadilhas.

Iron reforça que a participação da população é essencial. “É importante eliminar recipientes que acumulem água parada e seguir as orientações das autoridades sanitárias para evitar a reprodução do mosquito”, alertou. O combate também conta com apoio federal e da Organização Pan-Americana da Saúde, que acompanham as ações locais.

Mesmo com investimento de R$ 5 milhões por parte do Governo de Goiás em medicamentos, soros, repelentes, material informativo e equipamentos, o combate à dengue continua dependendo de ações simples da população: limpar o quintal, tampar caixas d’água, evitar água parada em vasos, pneus e garrafas.