PSDB prepara retorno de Ciro Gomes ao partido – e acende sinal sobre 2026
Filiação está marcada para a segunda quinzena de agosto, mas o motivo pode ir além: um olhar estratégico para as eleições do ano que vem
A direção nacional do PSDB definiu o retorno de Ciro Gomes ao partido. A filiação está prevista para a segunda quinzena de agosto, segundo informações publicadas pelo colunista Igor Gadelha, do portal Metrópoles. O acerto foi articulado em conversas entre o presidente nacional da legenda, Marconi Perillo, e o ex-senador Tasso Jereissati, que foi o responsável por costurar a volta de Ciro à sigla após 28 anos afastado.
De acordo com fontes tucanas ouvidas pela coluna, a cerimônia deve ocorrer após a redução da instabilidade política em Brasília. Um dirigente da sigla, que pediu para não ter o nome divulgado, afirmou que “a filiação vai acontecer após estas loucuras de Brasília se acomodarem um pouco, mas vai ocorrer na segunda quinzena de agosto”.
No dia 14 de julho, Ciro, Tasso e Perillo se reuniram pessoalmente em Brasília. Na ocasião, deixaram a filiação praticamente acertada, restando apenas a definição de detalhes formais. Durante o encontro, o político cearense manifestou à cúpula tucana interesse em disputar o governo do Ceará pelo PSDB nas eleições de 2026.
Conversas políticas e declarações recentes
Ciro Gomes deixou o PSDB em meados dos anos 1990, após ocupar cargos como prefeito de Fortaleza e governador do Ceará. Agora, a pouco mais de um ano das eleições, voltou a dialogar sobre seu retorno.
Em 18 de julho, publicou um vídeo nas redes sociais criticando a política econômica externa e seus efeitos no Brasil. “Devemos aceitar passivamente a violência econômica imposta a nós pelo estrangeiro? Claro, óbvio que não”, declarou. Ele também criticou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-presidente Jair Bolsonaro, seus filhos e aliados políticos, além do governador de São Paulo, ao afirmar que há “uma enorme e intransponível distância” entre combater medidas injustas e celebrar benefícios eleitorais de curto prazo.
Apesar das críticas e das movimentações políticas, Ciro mantém oficialmente a posição anunciada após as eleições de 2022, quando disse que não voltaria a disputar cargos eletivos. “Alguns amigos muito generosos lembram o meu nome, mas não pretendo mais ser candidato a nada”, disse a jornalistas durante evento político em Fortaleza, no mês de maio.
Reservadamente, no entanto, aliados afirmam que ele admite a possibilidade de concorrer novamente caso surja uma terceira via viável para 2026.
Cenário eleitoral e impacto no PSDB
Segundo interlocutores próximos, a conjuntura internacional e nacional pode abrir espaço para uma nova candidatura. Entre os fatores, está o “tarifaço” do ex-presidente norte-americano Donald Trump, que teria afetado a popularidade de Lula e Bolsonaro, conforme pesquisas divulgadas recentemente.
O PDT, atual partido de Ciro, tem tendência de apoiar a reeleição de Lula, o que poderia inviabilizar sua candidatura presidencial. Já o PSDB, que vive um momento de reorganização após o fracasso na fusão com o Podemos, veria na filiação do político cearense um reforço político importante para as eleições de 2026.
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