O clima no Estádio Antônio Accioly, na noite de domingo (17), foi de frustração e cobrança. Após a derrota do Atlético Goianiense por 3 a 1 diante da Ferroviária-SP, pela 22ª rodada da Série B, o técnico Rafael Lacerda não escondeu a insatisfação com a postura de seus jogadores em um lance decisivo da partida: a cobrança de pênalti desperdiçada por Federico Martínez.
Ainda no primeiro tempo, quando o Dragão perdia por 1 a 0, Martínez sofreu a penalidade e assumiu a responsabilidade da cobrança, mesmo sem ter sido designado para isso. O chute foi defendido pelo goleiro Dênis Júnior, e o Atlético Goianiense perdeu a chance de empatar o jogo naquele momento. Segundo Lacerda, a decisão do batedor já estava tomada desde antes do confronto, e o escolhido era Lelê.
“O batedor era o Lelê. Isso foi definido nos treinos, na preleção e reforçado antes da partida. Tentei avisar, mas o Martínez pegou a bola e bateu. Isso não pode acontecer. É preciso obedecer ao que foi determinado”, lamentou o treinador, demonstrando clara insatisfação com a quebra de hierarquia no momento crítico.
A situação se agravou no segundo tempo. Apesar de Lelê ter marcado o gol de empate — mostrando que estava preparado para momentos decisivos —, o Atlético Goianiense sofreu mais dois gols, um deles também de pênalti, cometido por Adriano Martins. A derrota compromete ainda mais a busca do clube por estabilidade na Série B. O time permanece com 27 pontos, em 13º lugar, longe do G4 e ainda sob ameaça da parte inferior da tabela.
Lacerda ainda ponderou sobre o desempenho coletivo da equipe. “Não fizemos um grande jogo, mas o primeiro tempo foi aceitável. Criamos chances, chegamos com perigo, mas a bola não entrou. Em um campeonato como esse, detalhes fazem toda a diferença”, avaliou.
A torcida, que já demonstrava impaciência com os altos e baixos da equipe, reagiu com críticas após o apito final. O técnico compreendeu a reação e reforçou que a cobrança é legítima. “O torcedor tem razão em cobrar. O Atlético Goianiense não pode perder em casa por 3 a 1. Tem que haver mais seriedade em cada detalhe, seja em bola parada, marcação ou na execução de pênaltis. Quando se define quem vai bater, é aquele jogador que precisa assumir a responsabilidade.”
Questionado sobre como lidará com o caso de indisciplina, Lacerda afirmou que a situação será tratada internamente. “Vamos conversar com o Martínez. Ele é um atleta comprometido, mas essa atitude precisa ser corrigida. Há uma ordem técnica que precisa ser respeitada para que a equipe funcione de forma coesa”, concluiu.
Agora, o foco se volta para a próxima rodada, quando o Atlético Goianiense enfrentará o Cuiabá fora de casa, no domingo (24), às 20h30. O desafio é vencer uma sequência de instabilidades e, enfim, embalar na competição — algo que o time ainda não conseguiu fazer nesta edição da Série B.
A derrota para a Ferroviária expôs fragilidades técnicas e táticas, mas, acima de tudo, um problema de disciplina e comunicação que precisa ser resolvido com urgência se o Dragão quiser manter vivas as chances de recuperação na temporada.