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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Autonomia contra a violência

Mais que um negócio, uma saída

Dados mostram que empreender se tornou estratégia de sobrevivência para milhares de mulheres vítimas de violência; especialistas cobram políticas permanentes de apoio

Luana Avelarpor Luana Avelar em 18 de agosto de 2025
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Foto: FreePik

O Agosto Lilás, criado em alusão à Lei Maria da Penha, consolidou-se como uma das principais agendas de mobilização nacional no enfrentamento à violência contra a mulher. Mais que um mês de conscientização, tornou-se espaço de articulação política, social e econômica. Em meio a índices de agressão, a pauta do empreendedorismo feminino emerge como estratégia de sobrevivência e transformação.

Levantamentos recentes confirmam o quão grave é o cenário da violência contra a mulher no Brasil. Segundo a 5ª edição da pesquisa “Visível e Invisível: a Vitimização de Mulheres no Brasil”, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e Instituto Datafolha, 37,5% das mulheres brasileiras com 16 anos ou mais foram vítimas de violência física, sexual ou psicológica nos últimos 12 meses, maior índice já registrado na série histórica, o que equivale a aproximadamente 21,4 milhões de mulheres.

É nesse cenário que iniciativas empreendedoras ganham força. Pesquisa do Instituto Rede Mulher Empreendedora aponta que 34% das empreendedoras já vivenciaram relações abusivas e 48% conseguiram rompê-las após abrir um negócio próprio. A mesma sondagem indica que 81% das mulheres que empreendem sentem-se mais autônomas e 72% se declaram total ou parcialmente independentes financeiramente.

Ainda assim, as barreiras persistem. De acordo com o Sebrae, 42% das empreendedoras já presenciaram episódios de preconceito contra outras mulheres em posições equivalentes e 25% sofreram discriminação direta. Entre empreendedoras negras, 71,2% relatam ter sido alvo de racismo, percentual que sobe em contextos de maternidade solo, realidade de quase metade desse grupo.

Nesse contexto, o papel de entidades como o Conselho da Mulher Empreendedora e da Cultura (CMEC) é ampliar a base de apoio, viabilizando políticas públicas, acesso ao crédito, programas de capacitação e redes de suporte. A presidente do CMEC, Ana Claudia Badra Cotait, defende que o empreendedorismo feminino seja reconhecido como um campo legítimo de poder, liderança e transformação social.

Incorporar os princípios do Agosto Lilás ao cotidiano das empreendedoras exige mais do que ações simbólicas. É preciso enfrentar agressões explícitas e formas sutis de violência, desmontar preconceitos enraizados e garantir que a autonomia econômica não seja privilégio, mas direito de todas. Essa autonomia não se limita a gerar renda: significa assegurar que nenhuma mulher precise escolher entre sua segurança e sua sobrevivência. Para que isso aconteça, a mobilização em torno da campanha deve ultrapassar o calendário e consolidar-se como política permanente de Estado e compromisso coletivo da sociedade.

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