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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
EDUCAÇÃO

Escolas mal avaliadas expõem desigualdades na rede estadual

Reconhecimento nacional destaca avanços da educação goiana, porém dados do Enem revelam contrastes de alto rendimento e colégios com notas baixas

Anna Salgadopor Anna Salgado em 19 de agosto de 2025
Reconhecimento nacional destaca avanços da educação goiana, porém dados do Enem revelam contrastes de alto rendimento e colégios com notas baixas
Foto: Divulgação/SEDUC

A rede estadual de educação goiana foi glorificada como a melhor do País, na primeira edição do Prêmio MEC da Educação Brasileira, que aconteceu na última terça-feira (12), no Salão Nobre do Palácio do Planalto, em Brasília. Entretanto pontos de controvérsia devem ser observados  para uma análise mais aprofundada. 

De acordo com o Ministério da Educação, o prêmio serve “para reconhecer as estratégias e iniciativas para promoção de avanços na melhoria da qualidade da aprendizagem na Educação Básica”. É válido ressaltar que a premiação é composta por troféu e R$ 500 mil em recursos.

Durante o evento, o Colégio Estadual Professora Aurelice Gomes de Fonseca, de Formosa, foi reconhecido como uma das melhores escolas de Ensino Médio em questões de resultados na região Centro-Oeste. Durante a premiação também, dois alunos; Lui Vinícius Alves de Abreu e Tawany Costas Santos, foram premiados como os autores das melhores redações no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) da região. 

Um ponto importante a ser observado é que na edição do exame em 2024, em todo o País houveram apenas 12 redações nota 1.000, sendo 5 da região sudeste (2 em Minas Gerais, 2 no Rio de janeiro e 1 em São Paulo, 5 da Região Nordeste (Alagoas, Pernambuco, Ceará, Maranhão e Rio Grande do Norte), 2 da Região Centro-Oeste (Goiás e Distrito Federal). 

O governador Ronaldo Caiado (UB) ressaltou que existem esforços contínuos para a melhoria da educação estadual: “Com engajamento em modo contínuo, a rede estadual de educação trabalhou o tempo todo, com pique de chegar ao pódio. Goiás tem a melhor educação do Brasil”.

Recentemente o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pela aplicação das provas do Enem, divulgou os microdados do exame. A partir do levantamento feito, foi observado que ao todo, o Estado conta com 862 instituições que foram computadas para a análise. E foi possível observar que apesar da premiação do MEC, os resultados no Enem em alguns colégios são divergentes.

Na pesquisa foram apontados os cinco piores colégios do Estado em referência a média geral no Enem entre eles  estão o Colégio Estadual Arquilino Alves de Brito (443,59), Centro de Ensino em período integral Raimundo Rocha Ribeiro (443,02), Escola Estadual Washington Barros Franca (442,31), Colégio Estadual Quilombola Kalunga Professor José Cabral de Araujo (439,75), Colegio Estadual Arthur Ribeiro de Magalhães Filho (434,30).

Em relação a essas escolas, três são da região urbana no Estado e as outras duas ficam localizadas na região rural. Já entre as áreas de conhecimento – Humanas, Linguagens, Matemática, Biológicas e Redação –, Ciências Humanas foi a área que obteve os menores resultados. Apesar desses números, ainda houve a possibilidade de ingresso de alunos desses colégios em instituições de ensino superior públicos por meio do sistema de cotas.

Durante a premiação, o ministro da Educação, Camilo Santana, ressaltou que a premiação não busca promover competição, mas incentivar a troca de boas práticas. “O papel do MEC é de coordenador, de indutor financeiro e técnico das políticas nacionais, mas elas precisam ser construídas com os entes federados — Estados, municípios, com o chão da escola, ouvindo professores, gestores e estudantes”, afirmou.

Já os colégios estaduais que obtiveram os melhores resultados no exame 2024, estão localizados na região urbana, entretanto outros municípios foram pontuados em outros méritos durante a premiação. 

Sete municípios goianos também conquistaram importantes premiações: Damolândia (Educação Infantil – Maior Taxa de Cobertura em Creche – Municípios); Goianésia (Alfabetização – Melhor Resultado por Escolas e Anos Iniciais do Ensino Fundamental – Escolas); Santa Bárbara de Goiás (Alfabetização – Melhor Resultado por Municípios); Santa Rita do Novo Destino (Anos Iniciais do Ensino Fundamental – Municípios); Rio Verde (Anos Finais do Ensino Fundamental – Melhores Resultados Escolas Municipais e Municípios); Goiandira (Educação em Tempo Integral – Anos Iniciais do Ensino Fundamental – Municípios); e Itumbiara (Educação em Tempo Integral – Educação Infantil – Municípios).

A reportagem questionou a Seduc sobre as disparidades entre os resultados das melhores e das piores escolas apontadas pelo MEC e quais medidas estão sendo adotadas para reduzir essas diferenças. A Diretora Pedagógica Alessandra Oliveira, pontuou que essas escolas com baixo desempenho são consideradas como prioritárias, e que medidas estão sendo desenvolvidas ao longo do ano letivo para que uma equidade de bons resultados possam ser colhidos em todo o Estado.

A Premiação do MEC valoriza escolas e estudantes de todo País

O 1º Prêmio MEC da Educação Brasileira contemplou alunos, Estados, municípios e escolas em oito categorias distintas, como Educação Infantil, Anos Iniciais e Finais do Ensino Fundamental, Ensino Médio, Educação em Tempo Integral, Educação Profissional e Tecnológica, Alfabetização e Redação do Enem. Ao todo, foram entregues 62 troféus e 54 medalhas, incluindo homenagens a 49 professores, conforme anunciado pela Secretaria de Educação.

Entre os estudantes premiados na categoria Enem, 12 são provenientes de Institutos Federais, com destaque para a participação de Estados do Nordeste. Os reconhecimentos não se limitaram ao deslocamento para Brasília: quatro Estados, 35 municípios e 20 escolas também foram agraciados, demonstrando o alcance nacional da iniciativa.

Os critérios de seleção foram baseados em indicadores oficiais, como o Censo Escolar, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), a Avaliação da Alfabetização, o Enem e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O trabalho técnico de seleção foi realizado pelo Inep, sem necessidade de edital ou inscrição prévia.

O prêmio inclui não apenas troféus e certificados, mas também verbas em dinheiro; destinadas à infraestrutura escolar e valorização dos profissionais da educação. Os repasses serão feitos por meio do Plano de Ações Articuladas (PAR) para Estados e municípios, e por meio do Programa Dinheiro Direto na Escola (Pdde), com prestação de contas prévia.

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