Oposição conquista presidência da CPMI do INSS e impõe derrota ao governo
Carlos Viana (Podemos-MG) derrotou Omar Aziz (PSD-AM), indicado por Davi Alcolumbre (União Brasil-AP); parlamentares goianos prezam pela isenção política e rigor nas investigações
A disputa pela presidência da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que irá apurar os desvios de recursos destinados a beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) terminou com uma vitória da oposição. A eleição do senador Carlos Viana (Podemos-MG) sobre o senador Omar Aziz (PSD-AM), na última quarta-feira (20), carimbou a reviravolta na disputa pela chefia da comissão.
Aziz era o favorito, indicado pelo presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). Em clima político ameno, o habitual seria que a indicação de Alcolumbre não sofresse resistência. Porém, após articulações do líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), e do líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), os opositores ganharam força.
A votação em urna, que destoa das usuais votações simbólicas, foi acirrada. A oposição elegeu Viana com 17 votos a 14, o que frustrou os planos da base governista. A comemoração dos parlamentares opositores contou com gritos efusivos em retaliação ao grupo do Palácio do Planalto.
A vitória de Viana também representou uma derrota para o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB). Motta indicou o deputado federal Ricardo Ayres (Republicanos-TO) para a relatoria da CPMI — que é escolhida pelo presidente da comissão. Logo após a vitória, Viana foi na contramão do paraibano e escolheu o deputado federal Alfredo Gaspar (União Brasil-AL), ligado à ala bolsonarista na Casa Baixa e ao grupo político do ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), em Alagoas.
Parecer técnico
O senador Pedro Chaves (MDB-GO) entende que o ideal, independente do corpo da comissão, é que o relatório seja técnico, isento de “influência política”. “A gente espera que o resultado seja técnico, que não tenha influência política, e sim em cima dos fatos. É grave o que aconteceu no INSS. Quem realmente usurpou do recurso dos aposentados, tem que pagar por isso. Essa é a minha expectativa”, disse o senador à reportagem do O HOJE.
Chaves também ressaltou que, apesar da vitória da oposição na escolha do presidente da CPMI, o andamento da comissão é incerto, já que, em tese, o governo federal ainda tem maioria na comissão. “Será preciso aguardar o desenrolar da CPMI”, analisou o emedebista.
Vitória importante da oposição
Os deputados Ismael Alexandrino (PSD) e José Nelto (União Brasil) avaliaram positivamente a vitória da oposição. Segundo Alexandrino, o resultado “trará eficiência à condução e às investigações da CPMI”. “Tanto os aposentados precisam ser ressarcidos, como os responsáveis pelas fraudes serem devidamente responsabilizados”, concluiu o pessedista em conversa com O HOJE.
Nelto ressaltou a importância dos esclarecimentos dos fatos, do ressarcimento dos beneficiários e que os “ladrões do INSS” sejam presos. “Diante desses fatos, vejo que é muito importante que o controle da presidência e da relatoria da CPMI seja da oposição”, disse o parlamentar goiano. O deputado afirmou que é preciso responsabilizar os culpados, “seja de qualquer governo”. (Especial para O HOJE)