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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Insegurança

Ataques na Colômbia atrai questionamentos da política de “Paz Total” do país

Atentados em Cali e Amalfi ampliam críticas à “paz total” e colocam Petro no centro do debate sobre segurança

Lalice Fernandespor Lalice Fernandes em 22 de agosto de 2025
Ataques na Colômbia atrai questionamentos da política de "Paz Total" do país
Foto: Wikimedia Commons

O presidente colombiano Gustavo Petro anunciou a proposta da chamada “Paz Total”, quando assumiu o poder em 2022. O objetivo era ampliar os acordos firmados em 2016 com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e reduzir a violência interna por meio de cessar-fogos com diferentes grupos armados. Três anos depois, porém, o governo de Petro vem sendo motivo de críticas pela oposição.

A violência — que já havia dado sinais meses atrás com o atentado contra o senador Miguel Uribe Turbay, pré-candidato à presidência pelo Centro Democrático, que levou o colombiano à morte — voltou a crescer na última quinta-feira (21), quando a Colômbia registrou dois ataques em sequência. Em Cali, um caminhão-bomba explodiu próximo à Escola Militar de Aviação Marco Fidel Suárez, deixando sete mortos e mais de 70 feridos, segundo o prefeito Alejandro Éder. Outro veículo carregado de explosivos foi localizado, mas não chegou a ser detonado. Todas as vítimas eram civis, incluindo um menor de idade.

“Peço à Colômbia que mantenha as vítimas deste ataque terrorista em suas orações. Não pensem que isso é só em Cali, isso atinge todo o país. A segurança está se deteriorando”, declarou Éder, que ofereceu recompensa de até 400 milhões de pesos (cerca de R$ 545 mil) por informações sobre os responsáveis.

Na mesma noite, em Amalfi, no departamento de Antioquia, 13 policiais morreram e quatro ficaram feridos após o helicóptero em que estavam ser atingido durante uma operação contra cultivos ilícitos. O ataque foi atribuído à Frente 36, outra dissidência das Farc.

O presidente Petro, que esteve em Cali para liderar um conselho de segurança, confirmou a prisão de dois suspeitos do atentado com um caminhão-bomba. “O ataque foi realizado por apenas duas pessoas, sem armas, mas cheias de explosivos. A própria população capturou os suspeitos”, afirmou. Ele associou os ataques a reações contra operações recentes das forças de segurança no Cânion de Micay, na região de Cauca.

As explosões em Cali e a queda do helicóptero em Amalfi se somam a outros episódios recentes de violência. Em junho, uma série de ataques atribuídos ao Estado-Maior Central (EMC) deixou sete mortos em Cali e outros oito em Cauca. Em janeiro, uma escalada de confrontos entre o Exército de Libertação Nacional (ELN) e dissidências das Farc resultou em mais de 100 mortes e milhares de deslocados em Catatumbo, na fronteira com a Venezuela.

A oposição responsabiliza diretamente Petro pela piora da segurança. “Os ataques terroristas em Cali e Amalfi refletem o que toda a Colômbia está vivenciando. A chamada ‘Paz Total’ nada mais é do que a rendição do país às organizações criminosas”, escreveu o prefeito de Medellín, Fico Gutiérrez, adversário derrotado por Petro nas eleições de 2022.

O ex-presidente César Gaviria, líder do Partido Liberal, afirmou em carta que “é evidente que a chamada política de paz total do governo de Gustavo Petro fracassou em seu objetivo de reduzir a violência”.

Petro, por sua vez, defendeu sua estratégia com dados da Polícia Nacional que mostram queda na taxa de homicídios em comparação com governos anteriores. Ainda assim, admitiu a gravidade dos últimos episódios. “Hoje foi um dia de morte”, declarou ao comentar os ataques.

Com a aproximação das eleições presidenciais de 2026, a crise de segurança ganha peso no debate político. Para a população, imagens de explosões, ataques contra forças policiais e deslocamentos forçados reforçam o temor de que a Colômbia esteja revivendo capítulos de violência que se acreditava superados.

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