Gestão de Caiado enfrenta problemas com a base
Deputados de direita e esquerda chegam a adotar o mesmo discurso em pautas como o Fundeinfra
Deputados estaduais, sobretudo os de direita, não têm poupado críticas ao governo de Ronaldo Caiado (UB). Isso ocorre em um momento pouco favorável à gestão estadual, a começar pela instabilidade da posição do governador frente à nova federação constituída por União Brasil (UB) e Progressistas (PP). Apesar do tom oposicionista em sua criação, a nova federação conta com quatro pastas na Esplanada dos Ministérios e isso diz muito sobre o pouco êxito de Caiado como pré-candidato às eleições presidenciais do próximo ano, ao levar-se em conta o baixo desempenho de seu nome como possível presidenciável e as críticas de parlamentares estaduais.
Entre os nomes que se destacaram recentemente por fazer oposição ao Executivo goiano estão: Clécio Alves (Republicanos) e Eduardo Prado (PL), sendo que o primeiro anunciou publicamente seu rompimento com a base governista e o segundo tem feito duras críticas quanto à destinação de recursos ao Fundo Estadual de Infraestrutura (Fundeinfra).
Acesse também: Lula reforça possível interesse em quarto mandato
Clécio anunciou na manhã desta quinta-feira (21) seu desligamento da base do governo estadual por suposta não correspondência do governo aos projetos de sua autoria. O deputado disse que não votará mais em matérias de interesse do Executivo estadual porque a contrapartida do Executivo não tem ocorrido. Clécio destacou que seus projetos e até propostas de emenda constitucional teriam sido sistematicamente vetados pela gestão estadual.
Especulações
Muitas são as hipóteses sobre a situação do republicano no parlamento. Uma delas é o fato de Clécio direcionar críticas ao prefeito de Goiânia, Sandro Mabel (UB), político apoiado pelo presidente da Assembléia Legislativa de Goiás (Alego), Bruno Peixoto (UB). A suspeita é de que Clécio teria sido isolado por Peixoto e a motivação disso seria o fato do presidente da Alego ser apoiador do Mabel.
“Se eu sou tratado como um zero à esquerda, então não precisa contar comigo. A partir de hoje, não voto mais nada com o governo”, disse Clécio em sessão ordinária do Parlamento. O deputado chegou a afirmar que foi tratado com arrogância no ambiente de trabalho. “Chega de ser tratado com descaso, com arrogância e com soberba. Se no ano que vem eu não tiver que voltar, vou sair com a cabeça erguida como entrei”, concluiu após dizer que sempre apoiou os projetos encaminhados pela gestão Caiado à Casa.
“Taxa do Agro”
Já Eduardo Prado (PL) segue firme em suas críticas relativas à destinação de recursos ao Fundeinfra. O deputado estadual considera que a “Taxa do Agro”, como é conhecido o fundo, é algo que prejudica os produtores. “Quero dizer que apresentamos um projeto para acabar com o Fundeinfra, que vem sacrificando os produtores. A justificativa para a criação dessa taxa acabou. O governador Ronaldo Caiado não paga nada de empréstimo. Ele só arrecada e ainda quer taxar o agro e criar o Ifag, que é uma bagunça”, destacou.
O processo nº 19372/25, no qual o governador Ronaldo Caiado (UB) pede autorização para a abertura de crédito especial de R$ 1.163.032,25 ao Fundo Estadual de Infraestrutura (Fundeinfra), recebeu pedido de vista dos deputados Delegado Eduardo Prado (PL), Antônio Gomide (PT), Major Araújo (PL), Bia de Lima (PT), Mauro Rubem (PT) e Paulo Cesar Martins (PL).
A crítica de Prado dialoga com a do petista Antônio Gomide, que levanta observações quanto à forma com que o dinheiro advindo da “Taxa do Agro” tem sido aplicado. Gomide afirmou que seria indispensável que os parlamentares tomassem conhecimento do que se propunha a medida.
“Estamos com um grande problema, que é explicar a forma como esse dinheiro está entrando na poupança e não está sendo aplicado. Vamos pedir explicação para termos um plano de trabalho do que está sendo investido. Como tinha R$ 2 bilhões em caixa e não tinha como gastar e, agora, está investindo mais dinheiro do Estado?”, indagou Gomide.
A conjuntura política goiana não está favorável à gestão de Caiado, o que leva a uma situação inédita, onde parlamentares de direita e equerda passam a falar a mesma língua e unem forças contra o Executivo goiano. (Especial para O HOJE)