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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
OPINIÃO

Lula ressuscita e aumenta o desafio de Caiado presidente

Oportunistas podem levar para o comitê da esquerda a superfederação cujo patrimônio inclui a pré-candidatura do governador goiano

Nilson Gomespor Nilson Gomes em 22 de agosto de 2025
Lula ressuscita e aumenta o desafio de Caiado presidente Foto: Ricardo Stuckert PR
Lula ressuscita e aumenta o desafio de Caiado presidente Foto: Ricardo Stuckert PR

Se no início do mês passado alguém apostasse na reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a família o internaria temendo que a próxima fase da doença fosse torrar dinheiro no tigrinho. Depois do tarifaço do líder norte-americano Donald Trump e do vazamento a conta-gotas de detalhes dos inquéritos da Polícia Federal nos casos envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro, Lula se reergue com requintes de crueldade. A façanha mais surpreendente – um susto somente para quem desconhece o ser humano – foi o PT conseguir o domínio de alguns setores da solenidade da federação do União Brasil com o Progressistas.

Seria naquela terça-feira 19/8 o desembarque dos partidos do Centrão que lotam o avião da Praça dos Três Poderes, em Brasília. Decidiu-se exatamente o contrário. Ninguém larga o osso, imagine então se os dentes estiverem cravados em picanhas suculentas como os quatro ministérios geridos por UB e o PP…

Durante o evento, os filiados aos dois partidos mostraram por que está sendo chamada de superfederação, com um pré-candidato a presidente da República (Ronaldo Caiado), quatro ministérios (Esporte, Comunicações, Turismo e o riquíssimo Integração Nacional), 109 deputados federais, 15 senadores, 1.335 prefeitos, sete governadores, quase R$ 1 bilhão e 200 milhões de fundão eleitoral partidário. É tamanho o tesouro que Lula entregou-lhe o comando do quarteto das mineradoras.

Máximo respeito a candidatura própria

O descomunal acervo de poder, inclusive financeiro, foi juntado à custa da expertise política de uma turma com pós-doutorado em sobrevivência. No início de julho, esse pessoal não se animaria com o presidente Lula, mas no lançamento da União Progressista o cenário estava mudado.

A pré-candidatura de Caiado foi tratada com o respeito que se esperava, mas o Centrão raiz é repleto de engenheiros de obras públicas prontas – se podem comer da fruta até o caroço, porque vão plantar a mudinha, regá-la e, só então, desfrutar de seu sabor? Lula tem um Ceasa de cargos e vantagens, então, fica difícil competir.

O HOJE conversou com diversos participantes da reunião em que as duas siglas decidiram marchar junto… mas junto com quem? Com os próprios companheiros dos partidos ou com o presidente que está no cargo? As pessoas com as quais a reportagem traçou o perfil dos participantes disseram que a maioria era lulista. Se aqueles presentes fossem delegados em uma convenção, ocorreria o cúmulo de a maior estrela da federação (os dois partidos) perder para a estrela vermelha da federação (o Brasil).

Oportunismo foi rebatizado

Muitos poderiam chamar de oportunismo, os próprios se dizem práticos, dentro da estratégia dos adesistas de rebatizar as palavras quando interessa a sua conveniência. Por praticidade entenda-se colher a fruta na gôndola em vez de semear no campo da esperança. Caiado é o novo, Lula é o velho e aos integrantes da União Progressista não importam as qualidades pessoais dos pretendentes ao Executivo federal – o negócio deles é se arrumar. Arrumar encrenca para quê? Querem arrumar é vaga nos ministérios e emenda para suas bases.

Entre as dezenas de manifestações das diversas autoridades, a fala mais aguardada foi a do governador goiano. E teve a desenvoltura esperada. O desempenho de Caiado na tribuna é elogiado até por seus adversários, como foi o pronunciamento ao lançar oficial sua pré-candidatura em Salvador, em abril passado. Desta vez, também se sobressaiu. Foi um discurso de estadista. Mas quem está preocupado com quadros de qualidade quando Lula é o dono da caneta, ainda que a tinta esteja no fim? Houve até quem vaiasse as frases contra o presidente. Os apupos partiram de poucos, porém, o descabimento não é menor apenas porque os solitários perderam o medo do ridículo.

Cada político pensando na própria cadeira

O evento da nova federação, que dispõe das maiores bancadas nas duas Casas do Congresso Nacional, juntou a maioria dos políticos mais espertos do Brasil. Ali estava o presidente anterior da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, do PP de Alagoas, que fez o sucessor, Hugo Mota, do Republicanos da Paraíba. A seu lado, ACM Neto – e neto você sabe de quem, da maior raposa política que a Bahia já produziu.

O mandato dos três precisa ser renovado e o presidente Lula reagiu nas pesquisas principalmente ao retomar parte de seu eleitorado no Nordeste. ACM Neto é caiadista, mas Lira e Mota ficariam à vontade combatendo Lula dentro das rinhas petistas? E o presidente nacional do PP, Ciro Nogueira, que se não aderir a Lula pode perder a vaga no Senado? Como dizia ACM, o avô, só é forte na corte quem é forte na província.

Província é o que hoje se chama Estado. Governadores de Estado como Gladson Cameli, do PP do Acre, vai evitar Lula não apenas pela tradição de estar em partidos de direita, mas porque o PT local não o engoliria. Porém, a senadora Professora Dorinha, se quiser chegar ao governo do Tocantins, vai ter de ocupar faixa de oposição ao pessoal que está no poder em seu Estado. Mais uma candidata a deixar a direita falando sozinha.

4 governadores nascidos em Goiás podem apoiar o conterrâneo

Ronaldo Caiado pode contar com o pepista Antonio Denarium, governador de Roraima que nasceu na mesma cidade que o governador de Goiás: Anápolis. Mauro Mendes, governador de Mato Grosso, tem o dever triplo de estar com Caiado: é seu colega de partido e também nasceu em Goiás e em Anápolis. Na certidão de nascimento está que outro governador da federação, Wanderlei Barbosa, do Tocantins, é goiano – mas sua cidade natal, Porto Nacional, ficou para o Tocantins.

Caiado vai apoiar para sua sucessão o vice-governador Daniel Vilela, que é do MDB, fora da federação. O vizinho Distrito Federal é governado pelo MDB de Ibaneis Rocha, que quer ser substituído também pela vice, Celina Leão, que é do PP. Pelo que se ouviu nos bastidores do evento, Celina estará para presidente com quem Ibaneis indicar e ele estaria propenso a ficar com quem o ex-presidente Bolsonaro lhe disser

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