Banhos de lama: tradição milenar que une estética e terapia
As lamas promovem efeitos purificadores, ajudam a regular a temperatura corporal e estimulam a circulação sanguínea
Utilizados há milênios por diferentes civilizações, os banhos de lama, técnica conhecida como fangoterapia, voltam a ganhar destaque em centros estéticos, spas e clínicas terapêuticas. Com origem no termo italiano fango, que significa lama, o tratamento consiste na aplicação de argilas específicas sobre a pele, com finalidades tanto terapêuticas quanto estéticas.
A técnica baseia-se na combinação de elementos simples e naturais: terra e água. Quando aplicadas sobre a pele, as lamas promovem efeitos purificadores, ajudam a regular a temperatura corporal e estimulam a circulação sanguínea. A composição mineral dessas substâncias é um dos seus maiores trunfos. Ricas em ferro, cálcio, potássio, magnésio, silício, cobre e zinco, elas contribuem para a produção de colágeno e elastina, substâncias fundamentais para a firmeza e elasticidade da pele.
Outros minerais presentes, como o cobalto, atuam na eliminação de células mortas; o enxofre auxilia na manutenção da pigmentação natural da pele; e o selênio, reconhecido por sua ação antioxidante, combate a degeneração celular, favorecendo a regeneração dos tecidos. Esse conjunto de propriedades ajuda a retardar o envelhecimento cutâneo, suavizar a pele e equilibrar o seu pH natural.
Na prática, a fangoterapia é realizada com a aplicação manual da lama sobre regiões específicas ou em todo o corpo. Pode ser empregada no alívio de sintomas da síndrome das pernas cansadas, em dores musculares ou articulares e como preparação para massagens. O material é deixado sobre a pele entre 15 e 30 minutos, até secar completamente. Em alguns casos, a aplicação é associada a ervas, óleos essenciais ou parafina, intensificando os efeitos relaxantes e terapêuticos.
Há registros históricos do uso da lama medicinal desde o Antigo Egito. Médicos utilizavam o recurso para tratar inflamações, úlceras e queimaduras. Hipócrates, considerado o pai da medicina ocidental, também fazia menção ao uso da lama no tratamento de distúrbios digestivos e inflamatórios. Entre gregos e egípcios, os banhos de lama eram comuns entre as classes altas e nos rituais de cura e relaxamento. Povos pré-colombianos, como os maias e os astecas, também recorriam às propriedades medicinais da argila em práticas terapêuticas e religiosas.
Atualmente, a técnica é indicada para amenizar dores musculares, contraturas, cãibras e processos inflamatórios. Também é aplicada com frequência em tratamentos de beleza, já que proporciona sensação de pele limpa, macia e mais elástica. Especialistas recomendam iniciar a sessão com uma esfoliação leve, o que facilita a penetração dos ativos da lama. A sensação de alívio e relaxamento muscular costuma ser imediata.
Os tipos de lama utilizados são variados, e cada um apresenta características e benefícios distintos. A lama termal, extraída de regiões de águas termais, é rica em magnésio e ferro, com propriedades anti-inflamatórias. Já o lodo marinho, obtido dos mares, é composto por sais e elementos que hidratam e revitalizam a pele. A lama vulcânica, originária de cinzas vulcânicas, tem ação esfoliante e regeneradora.
Essas lamas terapêuticas, muitas vezes denominadas lamas químicas, podem ser enriquecidas com substâncias naturais como algas marinhas ou óleos essenciais, o que potencializa seus efeitos. A aplicação pode ser feita em áreas específicas, como rosto, pernas, pés, abdômen, costas e lombar, ou como complemento em terapias manuais e sessões de massoterapia.