Brócolis e couve ajudam a proteger contra câncer intestinal
Vegetais liberam substâncias químicas capazes de atuar diretamente no revestimento do intestino
Pesquisadores acreditam ter identificado um dos motivos pelos quais verduras e legumes da família das crucíferas, como brócolis, couve e repolho, estão associados à redução do risco de câncer intestinal. Embora os benefícios desses alimentos para a saúde digestiva já fossem conhecidos, a explicação para esse efeito protetor permanecia incerta.
Um estudo publicado na revista Immunity revelou que, durante a digestão, esses vegetais liberam substâncias químicas capazes de atuar diretamente no revestimento do intestino. A pesquisa, conduzida com camundongos e com modelos de intestino cultivados em laboratório, mostrou que esses compostos ajudam a controlar o processo de renovação celular da mucosa intestinal, que ocorre a cada quatro a cinco dias. Quando desregulada, essa regeneração pode favorecer inflamações ou até o surgimento de tumores.
O foco dos cientistas foi uma molécula chamada Indol-3-Carbinol (I3C), produzida quando os vegetais crucíferos são mastigados. Alterada pelo ácido do estômago, a substância chega ao intestino, onde influencia o comportamento de células-tronco responsáveis pela regeneração e também de células imunológicas que controlam inflamações.
Nos experimentos, dietas ricas em I3C foram capazes de proteger roedores do desenvolvimento de câncer, mesmo em animais geneticamente predispostos. Em casos em que tumores já haviam começado a se formar, a mudança alimentar conseguiu frear a progressão da doença.
De acordo com a ONG britânica Cancer Research UK, que acompanhou o estudo, os resultados reforçam a importância de incluir vegetais crucíferos na alimentação cotidiana. A entidade destaca, contudo, que pesquisas adicionais ainda são necessárias para confirmar se os mesmos efeitos observados em animais se repetem em seres humanos.
Os sintomas do câncer de intestino podem incluir a presença de sangue nas fezes, alterações no ritmo intestinal, dor abdominal persistente, inchaço ou desconforto. Diante desses sinais, a recomendação é buscar avaliação médica.
Para a equipe responsável, os achados são animadores e apontam para o papel ativo que determinados compostos presentes nos alimentos podem desempenhar na prevenção da doença. Até que novas pesquisas tragam respostas mais conclusivas, especialistas reforçam que já existem motivos suficientes para aumentar o consumo de legumes e verduras, sobretudo das variedades crucíferas.