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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
NEGOCIOS

Brasil vive melhor semestre da história na produção de carne suína

Brasil bate recorde no 1º semestre e produz 2,72 milhões de toneladas de carne suína

Otavio Augustopor Otavio Augusto em 25 de agosto de 2025
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Com embarques estimados em até 1,45 milhão de toneladas em 2025, a carne suína brasileira deve renovar recorde histórico

O agronegócio brasileiro acaba de registrar mais um feito histórico: o primeiro semestre de 2025 encerrou com a maior produção de carne suína já apurada para o período desde o início da série histórica, em 1997. De acordo com o Boletim de Conjuntura Agropecuária, divulgado pelo Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Agricultura do Paraná, o país produziu 2,72 milhões de toneladas nos primeiros seis meses do ano. O resultado fica atrás apenas do segundo semestre de 2024, quando foi atingido o atual recorde de 2,73 milhões de toneladas.

Esse desempenho robusto decorreu do abate de 29,2 milhões de animais — o segundo maior volume já registrado no Brasil. Em relação ao mesmo período de 2024, houve aumento de 1,6%, equivalente a 471 mil cabeças a mais. Na comparação com o segundo semestre do ano passado, que detém o recorde absoluto, a retração foi de apenas 0,9%, mostrando a resiliência da cadeia produtiva.

Exportações em alta

Um dos destaques desse avanço é o crescimento da participação do Brasil no comércio internacional. Do total produzido no semestre, cerca de 699,6 mil toneladas foram exportadas, o que representa 26% da produção nacional. O percentual supera o índice do mesmo período de 2024, quando 22% da carne suína brasileira teve destino externo.

De acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a tendência é de que o país bata novo recorde de exportações em 2025, podendo atingir até 1,45 milhão de toneladas, frente a 1,353 milhão embarcadas no ano passado. O principal destaque é a diversificação de mercados: se antes a China liderava com ampla folga, hoje as Filipinas já respondem por 23% das compras, seguidas por Chile (8%) e pela própria China, que ficou com 13%.

O reposicionamento do Brasil no mercado externo tem ligação direta com a queda das importações chinesas. Em 2020, em meio à crise da peste suína africana, a China chegou a importar 5,27 milhões de toneladas, mas hoje limita-se a cerca de 1,3 milhão, segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Essa retração abriu espaço para novos destinos, como Japão e Angola, além do fortalecimento das vendas às Filipinas.

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Preço do suíno vivo sobe para R$ 7,98 e setor projeta produção de 5,42 milhões de toneladas

Mercado interno e preços

Enquanto as exportações ganham força, o mercado doméstico também sustenta bons números. Segundo levantamento da consultoria Safras & Mercado, a média do preço do suíno vivo no país subiu de R$ 7,75 para R$ 7,98 o quilo na última semana. No atacado, o pernil avançou de R$ 13,86 para R$ 14,03, e a carcaça, de R$ 12,93 para R$ 13,28.

Regionalmente, os preços seguem em movimento ascendente. Em São Paulo, a arroba suína passou de R$ 165 para R$ 171. No interior de Minas Gerais, o quilo vivo saltou de R$ 8,50 para R$ 8,90 e, no mercado independente, chegou a R$ 9,10. Em Goiânia, a cotação atingiu R$ 8,60. No Paraná e em Santa Catarina, os valores também subiram, alcançando até R$ 8,40 e R$ 8,30, respectivamente.

De acordo com o analista Allan Maia, da Safras & Mercado, a combinação de oferta ajustada e exportações firmes vem garantindo sustentação às cotações. Ele destaca, porém, que a descapitalização das famílias no fim do mês e a concorrência da carne de frango, mais barata, podem limitar o consumo doméstico.

Perspectivas otimistas

Apesar dessas variáveis, a expectativa para o segundo semestre de 2025 é positiva. Tradicionalmente, a produção do período supera a do primeiro semestre, e os analistas do Deral projetam novo recorde nacional até dezembro. A ABPA estima que a produção brasileira em 2025 pode chegar a 5,42 milhões de toneladas, contra 5,3 milhões em 2024.

Para 2026, as projeções seguem otimistas: exportações de até 1,55 milhão de toneladas, crescimento de 7% em relação a 2025, e produção de 5,55 milhões de toneladas, alta de 2,4%.

Outro fator que reforça o otimismo é o comportamento dos custos de produção. O preço da ração, principal componente do custo na suinocultura, tem evoluído de forma comedida, o que contribui para margens mais equilibradas. Isso garante fôlego adicional ao produtor, que ainda enfrenta oscilações de demanda no mercado interno.

Consolidação do setor

Combinando expansão da produção, diversificação de mercados e estabilidade nos custos, a suinocultura brasileira se consolida como um dos pilares do agronegócio nacional. O setor, que já representa mais de um quarto das exportações totais de proteína animal do país, reforça sua importância não apenas como gerador de divisas, mas também como atividade estratégica para a segurança alimentar global.

Se as projeções se confirmarem, o Brasil poderá encerrar 2025 com dois recordes históricos: maior produção anual e maior volume de exportações de carne suína. Um desempenho que confirma a força do campo brasileiro e sua capacidade de ocupar espaços crescentes no competitivo mercado internacional de proteínas.

 

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