A canelite corresponde a um processo inflamatório que afeta a tíbia, popularmente conhecida como osso da canela ou ainda os músculos e tendões ligados a essa região. O quadro provoca dores marcantes na parte anterior da perna, geralmente perceptíveis durante a prática de exercícios físicos ou logo após sua realização.

A condição costuma aparecer com maior frequência em atletas e praticantes de esportes de impacto repetitivo, como corrida, futebol, ciclismo e ginástica olímpica. No entanto, também pode estar associada a fatores como treinos em superfícies irregulares, ausência de alongamento adequado e predisposição genética. No Brasil, são afetadas, aproximadamente, dois milhões de pessoas por ano, das mais diversas idades.

Entre os sinais mais característicos da canelite estão a dor intensa ao longo do osso da canela, o inchaço na região afetada, a sensibilidade aumentada ao toque e o desconforto que se intensifica durante ou após a prática de atividades físicas, mas tende a diminuir com o repouso.

Diante da manifestação desses sintomas, especialistas alertam para a importância de procurar um ortopedista. Somente a avaliação médica pode confirmar o diagnóstico e indicar o tratamento adequado, evitando complicações e garantindo a recuperação correta.

Origem da canelite

A canelite pode ter diferentes origens e está frequentemente ligada à prática esportiva e a hábitos cotidianos que sobrecarregam a região da canela. Entre os fatores mais comuns estão a corrida em superfícies duras ou irregulares, o aumento repentino na intensidade ou no volume de treinos e alterações biomecânicas, como a pronação excessiva, movimento em que o pé gira para dentro durante a pisada.

O uso de calçados inadequados também é um dos grandes responsáveis pelo problema. Sapatos que não se ajustam corretamente à anatomia do pé, sejam muito apertados ou desconfortáveis, prejudicam a circulação e dificultam a movimentação natural, favorecendo lesões que podem atingir tanto a canela quanto outras estruturas dos membros inferiores.

Outro aspecto relevante é a pisada incorreta. O apoio inadequado sobrecarrega nervos, músculos e tendões, o que pode resultar em dor e inflamação. Por isso, em casos de desconforto frequente nos pés ou pernas, especialistas recomendam a consulta com um ortopedista, capaz de avaliar a marcha e indicar exercícios corretivos ou tratamentos específicos.

Além disso, a própria rotina de treinos pode contribuir para o surgimento da canelite. A ausência de alongamento, corridas prolongadas com postura inadequada, quando o peso do corpo é lançado excessivamente para a frente e jornadas extensas de exercícios, que geram estresse na região da canela, são fatores que aumentam o risco da inflamação. Da mesma forma, correr em solos irregulares pode intensificar o impacto e desencadear o quadro.

Embora em grande parte dos casos a canelite esteja associada ao esforço físico, há situações mais raras em que a condição pode estar relacionada a infecções ou até mesmo a alguns tipos de câncer. Esses casos, no entanto, são bastante específicos e incomuns.

Tratamento da canelite exige acompanhamento médico e repouso adequado

O tratamento da canelite deve ser realizado sob supervisão médica, geralmente por um ortopedista, com foco na redução da inflamação que afeta a tíbia, os músculos e os tendões conectados ao osso, além do alívio dos sintomas.

Uma das estratégias mais comuns é o repouso, especialmente para quem mantém uma rotina intensa de atividades físicas. Pausar os treinos ajuda a reduzir a dor, o inchaço e o processo inflamatório na canela, permitindo uma recuperação mais eficiente.

O médico também pode orientar a substituição temporária de exercícios de impacto por atividades de baixo impacto, como natação ou bicicleta ergométrica, durante o período de recuperação. Especialistas alertam que ignorar a dor e continuar treinando pode agravar a inflamação, prolongando o tempo necessário para a cura.

O uso de compressas frias na região da canela é uma prática frequentemente indicada por médicos para reduzir a dor e controlar a inflamação na tíbia. O procedimento é simples: o gelo deve ser colocado em uma bolsa térmica ou em um saco de gel previamente resfriado no congelador. Em seguida, envolva a bolsa ou o saco em uma toalha limpa e seca antes de aplicá-lo sobre a canela. A recomendação é manter a compressa por cerca de 15 a 20 minutos, de três a quatro vezes ao dia, ou conforme a orientação do profissional de saúde.

Em casos de canelite, o ortopedista pode prescrever analgésicos e anti-inflamatórios, como paracetamol, ibuprofeno ou naproxeno, com o objetivo de aliviar a dor, reduzir o inchaço e controlar a inflamação na tíbia.

Quando a condição não apresenta melhora apenas com repouso, aplicação de compressas frias e ajustes na rotina de exercícios, o médico também pode indicar suplementação de cálcio e vitamina D. Esses nutrientes auxiliam na recuperação óssea e ajudam a prevenir a progressão da inflamação. 

É importante ressaltar que todos os medicamentos e suplementos devem ser utilizados sob orientação médica, com o tempo de tratamento ajustado individualmente, conforme a intensidade da dor e a evolução dos sintomas.

A fisioterapia é frequentemente recomendada pelo ortopedista como parte do tratamento da canelite e deve ser conduzida sob supervisão de um fisioterapeuta. O foco inclui exercícios de alongamento e fortalecimento dos músculos da perna, correção da pisada e dos movimentos, além de técnicas que auxiliam na redução da dor e da inflamação na região da canela, acelerando a recuperação.

O programa fisioterápico é individualizado, planejado pelo profissional de acordo com as necessidades de cada paciente. O fisioterapeuta também pode orientar o uso de calçados adequados para esportes de alto impacto ou atividades repetitivas, recomendar alongamentos antes e após os exercícios e supervisionar a reintegração gradual às atividades físicas, garantindo segurança e prevenção de novas lesões.

Cuidados essenciais para evitar dores na canela

A prevenção da canelite passa por cuidados simples, mas eficazes. Entre as principais medidas estão a prática moderada de exercícios físicos, preferencialmente com acompanhamento profissional, evitar exageros nos treinos, realizar alongamentos antes e após a atividade e utilizar calçados que ofereçam suporte adequado aos pés.

A correção da pisada e, sempre que possível, caminhar descalço também contribuem para reduzir o risco de inflamação na canela. Com essas estratégias, a probabilidade de novas crises é significativamente menor. No entanto, especialistas alertam que, durante um episódio de canelite, é fundamental respeitar o repouso completo e aguardar a recuperação antes de retomar a rotina de exercícios ou esportes.