Tempo seco exige cuidados redobrados com a saúde nasal
Otorrinolaringologista explica como o clima afeta o nariz e orienta cuidados
O clima seco, comum em várias regiões do Brasil nesta época do ano, acende um alerta para os cuidados com a saúde nasal e respiratória. A baixa umidade relativa do ar compromete o funcionamento natural das vias aéreas e aumenta o risco de crises alérgicas, sangramentos e desconfortos diários. Segundo o otorrinolaringologista Dr. Gustavo Lacerda, o nariz é o principal filtro do organismo contra impurezas externas, mas sofre diretamente os efeitos da escassez de umidade.
“A principal função do nariz é umidificar, filtrar e aquecer o ar que inalamos. Quando o tempo está seco, a mucosa precisa se esforçar mais para exercer sua função. Como fica ressecada, pode desenvolver microfissuras que chegam a sangrar”, explica o médico. Além do incômodo, esse processo deixa o corpo mais vulnerável a doenças respiratórias, como a rinite alérgica, que costuma se intensificar no inverno e em períodos de estiagem.
Consequências da baixa umidade
A mucosa nasal funciona como uma barreira natural contra agentes irritantes, poeira e micro-organismos. Para manter essa defesa ativa, depende da umidade do ar. Quando a umidade relativa cai para índices entre 20% e 12% – patamar considerado crítico pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) – os mecanismos de proteção ficam comprometidos.
“Sem umidade adequada, o organismo perde a capacidade de manter a hidratação natural do nariz e da garganta. O ar entra frio e seco, irritando as vias respiratórias e favorecendo inflamações”, detalha Dr. Gustavo.
A consequência direta é o aumento de casos de alergias, sinusites e resfriados. Crianças, idosos e pessoas com histórico de doenças respiratórias crônicas são os grupos mais suscetíveis aos efeitos da baixa umidade.
Lavagem nasal
Para amenizar os impactos do tempo seco, a principal recomendação é a lavagem nasal com solução salina várias vezes ao dia. De acordo com o especialista, esse hábito ajuda a manter as vias aéreas limpas e hidratadas, reduzindo o risco de complicações.
“As garrafinhas de alto volume são as mais indicadas, porque combinam baixo fluxo com baixa pressão. O procedimento deve ser feito de forma suave: incline a cabeça para o lado oposto ao que será lavado e aperte delicadamente. O soro escorre pela outra narina sem causar dor ou desconforto, e durante o processo é importante respirar pela boca”, orienta Dr. Gustavo.
O médico alerta que o nariz não deve ser assoado após a lavagem, apenas limpo com papel ou toalha, para evitar pressão excessiva nos ouvidos. Uma alternativa prática para o ambiente de trabalho é o uso do soro fisiológico em forma de gel, que pode ser aplicado diretamente nas narinas.
Outra opção é preparar a solução caseira: 250 ml de água filtrada e morna com uma colher de sal. A recomendação é que a lavagem seja feita ao menos uma vez por dia, podendo ser intensificada nos períodos mais secos.
Estratégias para enfrentar o clima seco e reduzir os danos da baixa umidade. Confira algumas orientações:
- Aumentar a ingestão de água: manter-se hidratado facilita o funcionamento adequado da mucosa nasal e da garganta;
- Usar umidificadores de ar: aparelhos, bacias de água ou toalhas úmidas ajudam a aumentar a umidade do ambiente;
- Evitar exercícios físicos nos horários mais secos: principalmente no período da tarde, quando os índices de umidade atingem os níveis mais críticos;
- Observar sinais de alerta: sintomas como nariz entupido, espirros, coriza, tosse seca, rouquidão e falta de ar exigem avaliação médica.
Alerta laranja
Nesta semana, o Instituto Nacional de Meteorologia emitiu alerta laranja para diversas regiões do país, incluindo Centro-Oeste, Sudeste, Nordeste e parte do Norte. O aviso indica que a umidade relativa do ar varia entre 20% e 12%, faixa que pode trazer riscos à saúde.
De acordo com o Inmet, nesses níveis é comum observar ressecamento da pele, desconforto nos olhos, garganta irritada e maior propensão a crises alérgicas. A recomendação é que a população evite exposição prolongada ao sol e adote medidas preventivas dentro de casa e no trabalho.
Cuidado que deve ser rotina
Para o otorrinolaringologista, os hábitos de hidratação nasal e corporal não devem ser encarados apenas como medidas emergenciais. “É fundamental transformar esses cuidados em rotina, mesmo em períodos de clima ameno. Assim, o organismo se mantém mais resistente e preparado para enfrentar as mudanças bruscas do tempo”, reforça Dr. Gustavo Lacerda.
Ele lembra ainda que a prevenção reduz a sobrecarga no sistema de saúde durante os meses de estiagem. “Se cada pessoa adotar práticas simples como hidratar o nariz, beber água e manter o ambiente úmido, o número de casos de infecções respiratórias e alergias tende a diminuir significativamente”, conclui.