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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
saúde mental

Tratar pets como filhos: quando o afeto pode se tornar exagero

Especialista explica os limites da “humanização” de animais e os sinais de alerta na relação com os tutores

Leticia Mariellepor Leticia Marielle em 28 de agosto de 2025
Isso pode estar relacionado a carências afetivas, lutos ou dificuldades nas relações interpessoais. | foto: Reprodução/canva
Isso pode estar relacionado a carências afetivas, lutos ou dificuldades nas relações interpessoais. | foto: Reprodução/canva

A convivência com animais de estimação pode trazer inúmeros benefícios, mas tratá-los como filhos exige atenção. A psicóloga Carolina Mendes ressalta que a relação com pets contribui para o bem-estar emocional, mas o equilíbrio é essencial. “A presença de um animal pode ser extremamente positiva para pessoas com depressão, ansiedade ou indivíduos no espectro autista, já que promove uma conexão e companhia constante”, explica Mendes.

Ela acrescenta que, em momentos de luto ou dificuldade, o contato com animais também oferece regulação emocional. Hoje, cães de suporte emocional ajudam pessoas a lidar com transtornos emocionais, oferecendo conforto e segurança.

Quando o afeto se torna excesso

Apesar dos benefícios, a especialista alerta para os riscos da “humanização” do pet. “Quando o animal se torna a única fonte de interação social ou o tutor começa a negligenciar a própria saúde ou a do animal, é hora de ligar o sinal amarelo”, afirma. O comportamento conhecido como “infantilização do pet”, no qual o animal ocupa o lugar de filho, pode revelar dependência emocional ou necessidades não tratadas, como traumas ou carências profundas.

Mendes reforça que conviver com pets não deve substituir relações humanas. “Se eu evito pessoas e passo a conviver apenas com animais, é um sinal de que preciso de apoio terapêutico. Isso pode estar relacionado a carências afetivas, lutos ou dificuldades nas relações interpessoais.” Projetar sentimentos humanos nos animais ou esperar respostas emocionais semelhantes às de pessoas pode ser um reflexo de padrões emocionais mais profundos.

Funções cerebrais e apego parental

Tratar o pet como criança ativa funções cerebrais ligadas ao amor parental, gerando sentimentos semelhantes aos vividos por pais. O cuidado e a estabilidade emocional que o animal oferece fortalecem o vínculo, mas é preciso atenção para não gerar frustrações ou comportamentos problemáticos. Pessoas adotam esse padrão de comportamento por necessidade de afeto, solidão, instinto de cuidado ou busca por propósito.

O fenômeno reflete transformações na sociedade. Pesquisas do IBGE mostram que, em muitas cidades, há mais lares com animais do que com crianças, indicando mudanças no tecido familiar. Segundo Mendes, tratar o pet como filho não é prejudicial se respeitadas suas necessidades naturais. O excesso de humanização, entretanto, pode gerar ansiedade, estresse e dificuldades tanto para o tutor quanto para o animal.

 

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