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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
sobrepeso

Quatro patas e muitos quilos a mais

Estudos mostram que obesidade em cães e gatos cresce no Brasil e já reduz expectativa de vida dos animais

Luana Avelarpor Luana Avelar em 29 de agosto de 2025
Gato obeso no jardim
Quatro em cada dez cães brasileiros estão acima do peso, segundo pesquisa da USP: obesidade já reduz a longevidade dos animais. iStock

O sobrepeso deixou de ser um problema restrito aos humanos. Hoje, ele late, mia e se arrasta com dificuldade pelas casas brasileiras. Um levantamento da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (USP) indica que 40,5% dos cães avaliados estavam acima do peso ideal e, destes, 14,6% já eram obesos. A epidemia dos quilos extras avança nas coleiras e arranha as estatísticas de saúde animal.

As consequências são graves. A obesidade em cães e gatos provoca inflamação sistêmica e sobrecarga articular, empurrando os bichos para doenças ortopédicas, problemas na coluna, distúrbios metabólicos como o diabetes, além de maior risco de câncer, enfermidades renais e dermatológicas. A ciência é taxativa: animais obesos vivem menos e vivem pior.

O peso do diagnóstico

A responsabilidade pelo diagnóstico é do médico-veterinário. Em alguns casos, o ganho de peso é resultado de doenças endócrinas ou articulares. Mas, na maioria das vezes, o vilão está no prato: tutores oferecem calorias em excesso. Para mensurar o problema, os profissionais usam o Escore de Condição Corporal (ECC), criado em 1997. O método atribui notas de 1 a 9: entre 4 e 5 está o peso ideal, 6 e 7 indicam sobrepeso, 8 e 9 significam obesidade.

A avaliação não depende apenas do olhar, mas também da mão. Palpa-se costelas, base da cauda, tórax e pescoço. Um cão saudável tem costelas facilmente identificáveis ao toque, mas invisíveis ao olhar. Visto de cima, deve exibir uma cintura bem definida. Nos gatos, o acúmulo de gordura abdominal, aquela pelanquinha que tantos tutores acham graciosa, é um sinal de alerta.

Dois anos a menos de vida

O excesso de peso não pesa apenas no corpo. Animais obesos tornam-se mais sonolentos, menos dispostos a brincar, cansam-se com facilidade. A longo prazo, isso significa custos veterinários mais altos e menos anos de companhia. Dados da Associação Mundial de Veterinários de Pequenos Animais (WSAVA) mostram que cães obesos podem viver até dois anos a menos do que os de peso adequado. Gatos têm risco aumentado de desenvolver lipidose hepática, doença grave ligada ao acúmulo de gordura.

O papel do tutor

A prevenção passa pelo tutor. É dele a tarefa de questionar o veterinário sobre o peso ideal do animal e seguir as orientações. O tratamento exige ajuste na dieta, controle de porções, incentivo a exercícios e acompanhamento clínico. A obesidade, lembram os especialistas, não é detalhe, é doença.

Num país em que a urbanização limita espaços de atividade e a alimentação industrializada se multiplica, cães e gatos refletem o estilo de vida de seus donos. E pagam com anos de vida a mais ou a menos.

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