A maioria dos homens brasileiros reconhece que precisa cuidar mais da própria saúde. É o que mostra a pesquisa “A saúde do brasileiro”, divulgada em 2023 pelo Instituto Lado a Lado pela Vida em parceria com o Instituto QualiBest. O levantamento revela que 83% dos entrevistados assumem a necessidade de maior atenção com o corpo, mas muitos não transformam essa percepção em atitude.

Entre os principais obstáculos relatados, 51% apontam a rotina estressante como barreira para manter consultas e exames em dia. O paradoxo se evidencia quando se observa que 63% afirmam se preocupar bastante com a própria saúde. A distância entre consciência e prática expõe um comportamento que pode custar caro no futuro, já que inúmeras doenças evoluem de forma silenciosa e só se manifestam em estágios avançados.

O peso da prevenção

Manter avaliações médicas periódicas é a forma mais eficaz de flagrar alterações ainda nos primeiros sinais. O check-up funciona como um mapa do corpo: revela riscos ocultos e orienta cuidados. Entre os exames básicos estão o hemograma, que detecta anemias e infecções; a glicemia em jejum, para rastrear o diabetes; e o painel de colesterol e triglicérides, essencial para medir a propensão a doenças cardiovasculares.

Alguns testes têm alvos específicos: creatinina e urina avaliam a saúde dos rins; o TSH identifica distúrbios da tireoide; o ácido úrico aponta risco de gota. No campo do câncer, o sangue oculto nas fezes antecipa sinais invisíveis, enquanto o PSA acompanha alterações na próstata. Já o eletrocardiograma oferece, em minutos, um retrato da atividade elétrica do coração.

Um mapa do corpo

Esses exames, quando realizados periodicamente, ajudam a traçar uma espécie de radiografia antecipada do corpo. O acompanhamento constante torna possível ajustar hábitos, adotar dietas equilibradas, praticar exercícios e iniciar tratamentos em tempo hábil. Mais do que detectar doenças, o check-up oferece ferramentas para planejar o futuro com qualidade de vida.

Apesar da clareza dos benefícios, os números mostram que os homens ainda tratam o cuidado como questão secundária, muitas vezes restrita a campanhas sazonais. A prevenção, no entanto, não pode se limitar a um mês do calendário. É prática que exige disciplina e continuidade.

Entre o saber e o fazer

Os dados expõem a contradição central: homens sabem que precisam se cuidar, mas esbarram em justificativas ligadas ao cotidiano. O estresse, a falta de tempo e a prioridade ao trabalho aparecem como barreiras recorrentes. No entanto, o corpo não se adapta ao ritmo da agenda. Sem prevenção, doenças seguem seu curso até que se tornem urgência.

Transformar a consciência em atitude é o desafio. A saúde não se constrói apenas nas emergências hospitalares, mas sobretudo na rotina de exames preventivos que permitem viver mais e melhor.