Geração Z reduz gastos em encontros e expõe contraste com crescimento do modelo Sugar
Pesquisa mostra que maioria dos jovens prefere encontros de baixo custo, enquanto hipergamia mantém espaço com relações baseadas em estabilidade financeira e luxo
A pesquisa mais recente do Bank of America com mais de 900 jovens de 18 a 28 anos revela uma mudança nos hábitos de namoro da Geração Z. Entre os homens, 53% não gastam nada em encontros mensais. Dos que gastam, um quarto mantém despesas abaixo de US$ 100.
O dado reflete não apenas restrição orçamentária, mas também novas prioridades. Segundo o levantamento, 66% afirmam não ceder à pressão social para gastar além da conta e preferem falar sobre dinheiro já no início da relação. Jantares em restaurantes e programas tradicionais dão lugar a cafés, piqueniques, eventos gratuitos e encontros em casa.
Em paralelo, cresce um modelo oposto, a hipergamia, conhecida como relacionamento Sugar. Nesse formato, homens com maior poder aquisitivo oferecem viagens, presentes caros e experiências de luxo a mulheres que, em troca, valorizam a estabilidade financeira e a diferença de status.
Para Caio Bittencourt, especialista em relacionamento do site MeuPatrocínio, esse padrão segue atraente. “A relação com alguém mais rico, experiente e gentil, um cavalheiro, sempre foi a escolha de pessoas que procuram se cercar de quem soma na vida. As mulheres estão à procura de relacionamentos sinceros, leves e maduros”, afirma.
Ele aponta que a falta de recursos também pesa na dinâmica conjugal. “O dinheiro não só traz felicidade mas a falta dele muito provavelmente vai trazer problemas para a vida conjugal. Por isso, mulheres hoje buscam homens bem-sucedidos, mais maduros e experientes, o famoso Sugar Daddy”, diz.
Os dois movimentos coexistem. De um lado, a contenção de gastos como regra da juventude marcada por dívidas estudantis e salários baixos. De outro, o fascínio pelo consumo imediato e pelas vantagens materiais oferecidas em relações desiguais.
Se antes a demonstração de afeto estava associada ao gesto romântico tradicional, hoje a discussão passa por planilhas de custos ou pela busca explícita de parceiros capazes de sustentar experiências de alto padrão. O resultado é um retrato da vida amorosa atravessada por negociações financeiras, em que afeto e economia caminham lado a lado.