Irregularidades no Hugo motivam investigação solicitada por deputado
O deputado ressalta que, apesar de o hospital receber R$ 22 milhões por mês da SES-GO, a população ainda não percebe melhorias
O Hospital de Urgências de Goiás Dr. Valdemiro Cruz (Hugo) enfrenta graves problemas administrativos e operacionais desde que passou à gestão da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, em junho de 2024.
Pacientes, acompanhantes e profissionais denunciam falhas estruturais, superlotação, falta de medicamentos e insumos, atrasos em cirurgias e precarização das condições de trabalho.
Recentemente, uma denúncia chocou a população: o corpo de uma paciente que faleceu na unidade ficou quase cinco horas na enfermaria antes de ser retirado, segundo relato de uma acompanhante. Além disso, usuários do hospital relatam atendimento precário, falta de alimentação e água, leitos insuficientes e medicamentos em falta, reforçando a percepção de um cenário de caos.
Profissionais da saúde afirmam que muitos contratados têm pouca experiência administrativa e chegam a desconhecer procedimentos básicos, como a administração de medicamentos simples, o que evidencia falhas graves na gestão.
Outro problema recorrente é a demora no recebimento de pacientes pelo Hugo via Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Ambulâncias permanecem paradas com pacientes por mais de uma hora, muito acima do limite legal de 20 minutos, prejudicando o fluxo de atendimento de urgência em Goiânia e colocando em risco a vida de pacientes em situação crítica. Servidores relatam que, mesmo com investimentos bilionários realizados em 2024 e 2025, o hospital não conseguiu melhorar a eficiência operacional, e a população continua sofrendo com atrasos e descaso.
Além disso, existem irregularidades administrativas e trabalhistas. Enfermeiros e técnicos continuam sem receber o Piso Nacional da Enfermagem e acumulam funções devido à falta de pessoal. Contratações sem transparência e suspeitas de favorecimento pessoal também foram apontadas, assim como a ausência de gestores efetivos e alta rotatividade da equipe administrativa.
O resultado, segundo especialistas, é a precarização do serviço de saúde e a perda de qualidade que deveria tornar o Hugo referência em atendimento de traumas no Centro-Oeste.
Diante desse cenário de irregularidades, o deputado Mauro Rubem (PT-GO) apresentou, na quarta-feira, 3 de setembro, um requerimento à Assembleia Legislativa de Goiás solicitando que órgãos de controle e fiscalização investiguem a gestão do hospital. O pedido envolve atuação do Ministério Público do Trabalho (MPT-GO), Ministério Público Estadual (MP-GO), Ministério Público Federal (MPF), Tribunal de Contas do Estado (TCE-GO) e Defensoria Pública Estadual (DPE-GO).
O parlamentar aponta que, mesmo após mais de um ano de gestão e investimentos significativos, o hospital permanece em “caos administrativo e operacional”, prejudicando trabalhadores e pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS).
Ele denuncia desassistência a pacientes, represamento de cirurgias, falhas na administração e irregularidades em contratações. Rubem destaca que os repasses da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) ao Albert Einstein ultrapassam R$ 22 milhões por mês, sem que a população perceba retorno proporcional em qualidade de atendimento.
Segundo o deputado, a situação configura violações de direitos fundamentais, má aplicação de recursos públicos, improbidade administrativa e precarização das condições de trabalho.
O requerimento solicita ainda que os órgãos investiguem todas as etapas da gestão do Hugo, incluindo falhas administrativas, irregularidades trabalhistas, descaso no atendimento e problemas estruturais que colocam em risco a saúde dos pacientes.
Em resposta a questionamentos feitos pela reportagem do jornal O HOJE, a administração do hospital, gerida pela Sociedade Beneficente Brasileira Albert Einstein, informou que ainda não recebeu qualquer notificação oficial sobre a denúncia mencionada e reforçou seu compromisso com a oferta de assistência segura e de qualidade a todos os pacientes.
A administração também destacou que o Hospital de Urgências de Goiás Dr. Valdemiro Cruz (Hugo) é referência em urgência e emergência, recebendo, via regulação, casos de alta complexidade de todo o Estado, que muitas vezes exigem internações prolongadas.
E com o intuito de sanar problemas devido aos períodos de maior demanda, a unidade adota planos de contingência, incluindo a ampliação do horário para realização de cirurgias, aumentando o número de procedimentos, medida que vem sendo implementada desde a semana passada.
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