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sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
NEGOCIOS

Brasil amplia cultivo e exportação do limão Tahiti

Exportações cresceram 18% no primeiro semestre de 2025

Otavio Augustopor Otavio Augusto em 11 de setembro de 2025
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Goiás surge como nova fronteira para o limão Tahiti

O limão Tahiti, variedade híbrida sem sementes valorizada por sua casca verde durável, vem ganhando espaço no agronegócio brasileiro. Segundo relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), essa fruta já responde por impressionantes 97% da produção nacional, dominada por pequenos e médios produtores.

Crescimento da área cultivada

Nos últimos dez anos, a área cultivada saltou 45%, atingindo 66,6 mil hectares. A produção acompanhou esse ritmo, crescendo 47%, de 1,16 milhão de toneladas em 2013 para 1,72 milhão em 2023. A produtividade média nacional permanece estável em torno de 26 toneladas por hectare, embora em São Paulo tenha chegado a 40 toneladas por hectare em 2025.

Concentração produtiva e exportação

No Brasil, São Paulo e Minas Gerais concentram mais de 90% da produção, principalmente no Triângulo Mineiro e no norte paulista. Em São Paulo, por exemplo, o limão Tahiti representa cerca de 90% da produção de cítricos ácidos, distribuída em aproximadamente 30 mil hectares e oito milhões de plantas. O estado colheu mais de 1,1 milhão de toneladas em 2024, das quais cerca de 70% foram destinadas à exportação — crescimento de 21% em volume no primeiro semestre de 2025.

O mercado externo é cada vez mais relevante. Em 2024, o Brasil exportou 175,8 mil toneladas. No primeiro semestre de 2025, esse total chegou a 106,6 mil toneladas — alta de cerca de 18% em relação ao mesmo período do ano anterior. A União Europeia absorveu entre 76% e 80% desse volume, com destaque para a Holanda e o Reino Unido. Em abril de 2025, o país conquistou ainda o acesso ao mercado da Índia, fortalecendo sua competitividade global.

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Variedade já responde por 97% da produção nacional de cítricos ácidos

Inovações e pesquisa no cultivo

Apesar do dinamismo, o setor ainda se apoia mais na expansão da área do que em ganhos de produtividade. Projetos de irrigação no Semiárido nordestino, conduzidos pela Embrapa em parceria com a Eletrobras, já demonstraram viabilidade econômica, alcançando 17 t/ha em áreas experimentais, com retorno financeiro significativo.

Pesquisas também avançam com variedades mais produtivas. Na Chapada Diamantina (BA), um sistema orgânico atingiu 30 t/ha após seis anos de cultivo. Já o Instituto Agronômico desenvolveu a variedade IAC 10, que em pomares jovens (cinco anos) produz acima de 40 t/ha, podendo chegar a 80 t/ha em pomares irrigados e mais maduros.

Goiás no radar da citricultura

Embora os principais polos estejam no Sudeste, Goiás desponta como potencial estratégico. O programa estadual de citricultura indica que o estado conta com cerca de 564 hectares dedicados ao limão, envolvendo 515 produtores distribuídos em 535 propriedades. A resistência do Tahiti à doença “pinta preta”, que ataca outros cítricos, favorece sua expansão.

Além disso, Goiás pode se beneficiar das inovações já aplicadas em outras regiões, ampliando sua participação na cadeia produtiva, sobretudo diante de sua infraestrutura logística e perfil agrícola consolidado. O fortalecimento de cooperativas pode ajudar na inserção do estado tanto no mercado nacional quanto internacional.

Desafios e perspectivas

O setor enfrenta gargalos, como a baixa produtividade média e a pouca diversificação da indústria de processamento, bem menos estruturada que a da laranja. A sazonalidade da oferta também exige estratégias de escalonamento.

Por outro lado, o Brasil tem vantagem de produzir durante todo o ano, complementando a safra mexicana no mercado global. Além da fruta in natura, o uso de derivados, como o óleo essencial da casca — aplicado nas indústrias alimentícia e farmacêutica —, agrega valor à cadeia.

O limão Tahiti brasileiro consolida-se como protagonista no agronegócio doméstico e no comércio exterior. Para Goiás, a cultura representa uma oportunidade emergente, capaz de ganhar força se o estado investir em tecnologia, organização produtiva e aproveitamento das condições favoráveis de cultivo.

 

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